O
DESCONHECIDO BEM CONHECIDO.
“E foi Jabez mais
ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo:
Porquanto com dores o dei à luz.
Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares,
e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe
concedeu o que lhe tinha pedido”. (1
Crônicas 4. 9,10).
Jabez é para cada um de nós um ilustre desconhecido.
É um ilustre desconhecido nas narrativas do texto sagrado, até
que um dado momento, lendo a Bíblia, tropeçamos no seu epitáfio. Isso mesmo! Após sua morte, o que se registrou
sobre a vida deste homem é extraordinário.
J.
Oswald Sanders, em seu livro: A Spiritual Clinic, [Uma Clínica Espiritual], escreve:
“Quando
Deus tem o trabalho de preservar o epitáfio de um homem dentre milhões e nos dá
uma linguagem concisa e tão cheia de significado, podemos ter a certeza de que
vale um estudo detalhado” (1).
Uma lápide sobre a prece de um homem: O que será que Deus
quer que vejamos nessas poucas palavras?
A pergunta que desejo fazer neste momento é: Por que o
autor escreveu estas palavras, e por que ele as incluiu neste momento da
história?
Lendo a história, sabemos que o povo hebreu é chamado de
povo da aliança de Deus. Foi para esse povo que Deus repetiu suas promessas.
Especialmente a promessa de que eles seriam uma grande nação. Deus fez essa
promessa quando eles saíram da escravidão do Egito em direção a terra
prometida.
Leiamos
Deuteronômio 28. 1-11.
“1 E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo
cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR
teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra.
2 E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão,
quando ouvires a voz do Senhor teu Deus:
3 Bendito serás na cidade, e bendito serás no campo.
4 Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, e
o fruto dos teus animais; e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas.
5 Bendito o teu cesto e a tua amassadeira.
6 Bendito serás ao entrares, e bendito serás ao saíres.
7 O Senhor entregará, feridos diante de ti, os teus
inimigos, que se levantarem contra ti; por um caminho sairão contra ti, mas por
sete caminhos fugirão da tua presença.
8 O Senhor mandará que a bênção esteja contigo nos teus
celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que te der
o Senhor teu Deus.
9 O Senhor te confirmará para si como povo santo, como te
tem jurado, quando guardares os mandamentos do Senhor teu Deus, e andares nos
seus caminhos.
10 E todos os povos da terra verão que é invocado sobre ti
o nome do Senhor, e terão temor de ti.
11 E o Senhor te dará abundância de bens no fruto do teu
ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto do teu solo, sobre a terra que
o Senhor jurou a teus pais te dar”.
O que Deus prometeu ao seu Povo, é que Ele, Deus, se revelaria
aos outros povos através das bênçãos que Ele mesmo derramaria sobre o seu
próprio povo.
Charles
R. Swindoll ,
em seu Livro Vidas Incríveis, diz
que Deus desejou todas essas bênçãos para o povo por três motivos (2):
-Primeiro,
porque Ele nos ama.
-Segundo,
porque Ele tem prazer em nos abençoar
-Terceiro,
porque isso faz manifesta a sua Glória.
Uma outra pergunta que podemos e devemos fazer é: Por que colocar
essa narrativa de Jabez neste exato momento da história?
Responder a essa pergunta é percorrer um pouco de história.
Com o rei Saul, o povo da aliança de Deus chegou ao pico e depois um agonizante
declínio. Até que Deus deu um basta na rebelião de Saul. Para que seu próprio
povo fosse corrigido, o mesmo passou por um longo período de cativeiro.
Depois de ver o seu povo voltar dos setenta anos de
cativeiro da Babilônia, o cronista preparou um relato literário com o objetivo
de recuperar a identidade perdida como povo da aliança de Deus. Era necessário VOLTAR A TER ESPERANÇA NAS PROMESSAS DE
DEUS.
É nesse contexto que Jabez, até então um ilustre
desconhecido, passa então a ser introduzido nesta genealogia do povo de Deus. O
que percebemos é que ele viveu durante a época de Josué e da conquista de
Canaã. E sua vida serviu para através do cronista, trazer de volta a Esperança
que o povo de Deus havia perdido.
Jabez é “imortalizado” como: “...mais ilustre do que seus
irmãos”. Um ilustre desconhecido.
É somente isso que se falou sobre ele. Nunca mais é
mencionado na Escrituras. Contudo, nos parece mais do que suficiente. Temos
muitas coisas importantes nestes versos.
A palavra hebraica que origina o nome “Jabez”, refere-se a
angústia, sofrimento intenso ou dor.
Me parece que em sua oração Jabez nos mostra uma vida de
poucas posses e de muito sofrimento: “...e meus termos ampliares, e a tua mão
for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido”.
O homem cujo nome significa DOR, estava buscando nas
promessas de Deus um pouco de esperança.
Jabez é o exemplo de um homem que se ergueu da dor e da
tristeza para uma vida de dependência e de confiança em Deus.
Percebemos que...
1)
SUA
ORAÇÃO FOI HUMILDE MAIS PRETENSIOSA.
Sua mudança de vida é o fruto de uma oração ousada: “E Deus lhe concedeu o que lhe tinha
pedido”. (1 Crônicas 4. 9,10).
Encontramos quatro grandes pedidos em sua oração:
1) ENOBRECIMENTO DIVINO – “Se me abençoares muitíssimo”. Pediu que Deus o abençoasse. A bênção de Deus
não é para Jabez um assunto sem importância. Todo o crente necessita das
bênçãos de Deus.
2) EXPANSÃO DIVINA – “...E meus termos ampliares”. A
primeira vista pode parecer ambição. “Aumenta minha fronteira”. Contudo, sua oração
era um pedido a Deus, para que Ele tivesse maior parte na aliança, para que
pudesse ter mais expressão, mais responsabilidades e maior participação no
projeto de Deus.
3) DIVINA AUTORIZAÇÃO – “e a tua mão for comigo”. Ele deseja que o braço do Senhor esteja ao
seu lado. Ele disse: Eu quero fazer a coisa do seu jeito e a sua maneira.
4) DIVINA CAPACITAÇÃO – “e fizeres que do mal não seja afligido”.
A mão de Deus não é somente uma presença que nos guia é também um poder
protetor.
Sem essa divina capacidade, não
subsistimos ante ao inimigo:
“7 - O Senhor entregará, feridos diante de
ti, os teus inimigos, que se levantarem contra ti; por um caminho sairão contra
ti, mas por sete caminhos fugirão da tua presença.
8 O Senhor mandará que a bênção esteja
contigo nos teus celeiros, e em tudo o que puseres a tua mão; e te abençoará na
terra que te der o Senhor teu Deus” (Deuteronômio
28. 7-8)
“E
Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido”. (1 Crônicas 4. 9,10).
No entanto, não encontramos nenhuma dessas palavras com
respeito a esse humilde homem, que fez uma oração extraordinária. Ele tinha
mãe, pai e foi mais ilustre do que seus irmãos, mas não foi relacionado a
ninguém citado neste livro. Se alguém nesse livro pode ser identificado como um
“Zé Ninguém”, esse alguém era Jabez. O
desconhecido que ficou bem conhecido e muito bem falado.
É com o desconhecido Jabez, que após se tornar conhecido,
que aprendemos três grandes lições:
1)
Um
pequeno começo de lutas não significa uma vida inteira de limitações.
2)
Nenhum
sucesso será totalmente seguro sem a benção, a presença e o poder de Deus.
3) Quando é o próprio Deus que abençoa uma
vida, não sobra lugar para a culpa. (Os
dons de Deus são sempre justos e apropriados).
O melhor horizonte para ter suas fronteiras ampliadas, é
colocar toda sua esperança nas promessas de Deus. Deus é Fiel e suas promessas
são reais e verdadeiras.
Charles R. Swindoll, em seu Livro Vidas Incríveis, diz o
seguinte:
“Se
você nem ao menos considerar a possibilidade de que pode fazer parte de um
mundo muito maior, você está fadado a permanecer como um prisioneiro ignorante
e feliz do mundo em que vive hoje. Não fique aí”. (3)
Se você se sente morto e totalmente sem vida, lembre-se do
que Disse Jesus: “sai para fora”. (João
11.43).
Ouse pedir de forma humilde mais pretensiosa.
Referências:
(1)
SANDERS,
J. Oswald. A Spiritual Clinic: A Suggestive Diagnosis and Prescription for problems in christian life
and service. Chicago: Moody Prees, 1958. Pg. 120.
(2)
SWINDOLL,
Charles R. Vidas Incríveis: histórias fascinantes sobre vidas esquecidas. Trad.
Eloisa Pasquini. São Paulo: Ágape: 2013. Pg. 253.
(3)
Ibid.,
Pg. 267.
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