A
QUESTÃO DE GÊNERO NA RAÇA HUMANA.
“Deus disse: Façamos os seres
humanos à nossa imagem, de forma que reflitam a nossa natureza... E Deus criou
os seres humanos; criou-os à semelhança de Deus, refletindo a natureza de Deus.
Ele os criou macho e fêmea”. (Gênesis 1. 26-28 – Bíblia a Mensagem).
A
QUESTÃO EM SI.
As coisas, assim como pessoas,
animais, objetos, comidas, têm nome. Esses nomes são chamados de substantivos e aparecem em gêneros diferentes, o masculino e o
feminino.
Para compreender melhor o debate
sobre a questão de gênero, é importante primeiro traçar a diferença entre o que
vem a significar este conceito e contrapô-lo a idéia de sexo.
Sexo está
relacionado com os aspectos bio-fisiológicos que dizem questão as diferenças
corporais (físicas) do macho e da fêmea.
O sexo pode ser entendido como uma marca biológica, a caracterização
genital e natural, constituída e presente na espécie humana e no mundo animal. Nesse
sentido, o sexo genético, ou seja,
designado por cromossomos (XY) para homem e (XX) para a mulher, detendo
hormônios e a genitália (pênis para homens e vagina para mulheres) inerentes a
cada sexo.
Outro aspecto importante, que pode
nos ajudar a entender a diferença entre sexo e gênero, é que os animais também
são machos ou fêmeas, mas não são homens nem mulheres, eles não têm gênero. Sexo
= Macho ou Fêmea. Na questão de gênero = Homens e Mulheres.
Para ampliar a questão de gênero e
estabelecer um debate sobre o tema, surgiu a IDEOLOGIA DE GÊNERO.
A
IDEOLOGIA DE GÊNERO – Afirma que ninguém nasce homem ou mulher, mas que
cada indivíduo deve construir sua própria identidade, isto é, seu gênero, ao
longo da vida. “Homem” e “Mulher”, portanto, seriam apenas papéis sociais
flexíveis, que cada um representaria como e quando quisesse, independentemente
do que a biologia determine como tendências masculinas e femininas.
POR
QUE SE DENOMINA DE IDEOLOGIA?
IDEOLOGIA, em um
sentido amplo, significa aquilo que seria ou é ideal. As ideologias são ideias
humanas, que surgem das percepções sensoriais do mundo externo. Um conjunto
organizado de Ideias. São a expressão das ideias e dos interesses de um grupo.
A ideologia de gênero subsiste da ideia
de que a sexualidade humana seja parte de “construções sociais e culturais” e
não um fator biológico. De acordo com esta ideologia, os seres humanos
nasceriam “neutros”, apenas (X) e não (XX e XY) e poderiam, ao longo da vida,
escolher o seu gênero sexual.
ONDE
ISSO COMEÇOU?
No início do século XIX, o antropólogo, etnólogo e escritor norte-americano Lewis Henry Morgan, dedicou seus
estudos para demonstrar que o Estado, o gênero, a crise da identidade sexual e a
religião tinham causado grandes problemas na configuração da família.
Um outro passo, no estabelecimento
dessa ideologia, foi dado, em 1968,
quando Robert Stoller defendeu a
necessidade de fortalecer o conceito e a definição do termo gênero, em
detrimento da definição do termo sexo.
Em 1975, Elisabeth Clarke e
Simone de Beauvoir despontam como as maiores promotoras do feminismo
ocidental. Na época, a ideologia de gênero e o aparecimento de um novo sexo
atraíam a atenção, a esse movimento se deu o nome de “feminismo ideológico”.
Estudiosos afirmam que a expansão
da ideologia de gênero teve início na Conferência sobre as mulheres, realizada
em Pequim, em 1995. A jornalista
norte-americana e participante da conferência Dale O’Leary diz em seu livro The
Gender (A Agenda), (ou algo como a discussão do gênero), de 1997, que o evento
resultou em orientações para que governos de todo o mundo incorporassem a
“perspectiva de gênero” em todo programa e em toda a política, em cada
instituição pública e privada. No Brasil essa “agenda” foi claramente
identificada no: Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)
Outra referência acadêmica a cunhar
o termo “gênero” foi a feminista Judith
Butler, através do seu livro “Gender
Trouble: Feminism and the Subversion of Identity”, lançado em Português no
Brasil com o título: Problemas de Gênero - Feminismo e Subversão da Identidade.
No livro ela afirma que “o gênero é uma construção cultural; por isso não é nem
resultado causal do sexo, nem tão aparentemente fixo como o sexo”. Na mesma
obra, Butler ainda defende que “homem e masculino poderiam significar tanto um
corpo feminino como um masculino; mulher e feminino tanto um corpo masculino
como um feminino”.
Butler afirma que tornar-se homem ou mulher não é algo que se
consegue realizar de uma vez por todas, no início das nossas vidas. O
Gênero é sempre reafirmado publicamente pelo desempenho de ações e normas
culturais (socialmente construídas e variáveis) que definem masculinidade e
feminilidade.
Nesse momento da AGENDA DE GÊNERO, seus defensores
pretendem criar um sistema educativo e pedagógico dentro do qual um dos passos
seja permitir que uma pessoa que não se sinta reconhecida na sua natureza, sob
essa perspectiva, ela mesma, com o passar do tempo, poderia descobrir qual é o
seu estado natural e, assim, “decidir” se é homem ou mulher. Essa suposta
decisão vem acompanhada de um aniquilamento da pessoa, substituindo-a por
alguém sem identidade.
Junto com o aniquilamento da
pessoa, e o surgimento de um “ser” sem identidade, está se propondo o fim da heteronormatividade:
A perspectiva que considera a heterossexualidade e os relacionamentos entre
pessoas de sexo diferente como fundamentais e naturais dentro da sociedade.
O termo HETERO significa, outro,
diferente. A palavra heterossexual diz
respeito à atração que uma pessoa sente por outra de sexo diferente do seu.
É através da NORMATIVIDADE – que se
observam as normas. Assim, pode-se compreender o termo heteronormatividade como
aquilo que é tomado como parâmetro de normalidade em relação à sexualidade,
para designar como norma e como normal a atração e/ou o comportamento sexual
entre indivíduos de sexos diferentes.
NA PÓS-MODERNIDADE – Numa sociedade
secularizada, o modelo que se propõe é a AUTONOMIA. Nossa sociedade parece
desejar viver na anomia (ausência de normas) e de forma autônoma (Auto=pessoal
/ Nomia=lei, o resultado da equação é uma lei própria).
Quando avançamos na compreensão da
ideologia de gênero, somos obrigados a considerar a questão dos TRANSGÊNEROS.
A definição
do que é ser “homem” ou “mulher” surgiu partir de uma divisão biológica, com o
passar dos anos, a experiência humana nos tem mostrado, que muitos indivíduos
têm procurado se expressar através de outras identidades que refletem
diferentes representações de gênero (como os transexuais e transgênero) e que
não se encaixam nas categorias padrões até então reconhecidas. Quem são esses
indivíduos?
Transgênero – é o indivíduo que se identifica transitória ou persistentemente
com um gênero diferente do gênero de nascimento.
Transexual – Indivíduo que já
experimentou uma transição social do sexo masculino para o feminino, ou do sexo
feminino para o masculino. (Normalmente pelo tratamento hormonal ou até através
de cirurgia).
Uma pessoa transgênero é de fato um
desafio a nossa compreensão. Ser transgênero é diferente de ser um homossexual.
O seu sentido interno do seu sexo não é o mesmo que sua orientação sexual. Na
homossexualidade, o indivíduo se identifica com o seu sexo de origem, e se
sente atraída por pessoas do mesmo sexo. O homossexual não tem dúvidas sobre o
seu sexo. O transgênero tem problemas com o seu sexo de origem. Ele não se
identifica com ele. Chamamos essa ocorrência de disforia de gênero.
O
QUE É DISFORIA DE GÊNERO?
“Disforia” é um “estado” um
sentimento de insatisfação, ansiedade e inquietação. As pessoas que têm
disforia de gênero sentem fortemente que não são do gênero que fisicamente
demonstram ser.
Quem apresenta a disforia de gênero
geralmente abraça um de dois caminhos:
- Decide viver bem com seu sexo
biológico e desempenham bem seu “novo” papel de gênero (sua nova opção sexual).
- Busca transformar o seu corpo
através de medicamentos ou de cirurgias.
O resultado mais comum da disforia de
gênero é:
- Homens se tornam “feminilizados”.
- Mulheres se tornam “masculinizadas”.
Disforia de gênero tem sido
considerada um distúrbio. (Cromossomos não podem ser reprojetados, nem mesmo
removidos). Indivíduos que sofrem desta
disforia vivem um grande drama. Sentir que seu corpo não reflete seu verdadeiro
sexo pode causar grave angústia, ansiedade e depressão.
QUAIS
SÃO OS IMPACTOS SOCIAIS DESTA REALIDADE?
Nossa conclusão sobre a identidade
de gênero, é que a mesma se refere à identidade com a qual uma pessoa se
identifica ou se autodetermina; independe do sexo; e está mais relacionado ao
papel que o indivíduo tem na sociedade e como ele se reconhece. Assim, essa
identidade seria um fenômeno social, e não biológico.
Nesse conflito social e biológico,
estão se firmando dois mundos e dois tipos de pessoa:
A
PESSOA CISGÊNERA, aquela que tem sua identidade ou vivência de
gênero compatível com o gênero ao qual foi atribuído ao nascer.
A
PESSOA TRANSGÊNERA, aquela que se identifica com um gênero diferente do
registrado ou identificado no seu nascimento.
Os indivíduos que se denominam “trans” não se
encaixam no que foi socialmente estipulado e naturalizado como próprio ao seu
sexo biológico. Normalmente elas burlam essa coerência e nos fazem enfrentar
uma série de implicações que afetam o nosso cotidiano.
Na ideologia de gênero, o esforço
maior que se faz é no sentido de combater os “estereótipos”. Etimologicamente,
o termo estereótipo é formado por duas palavras gregas, “stereos”, que quer dizer rígido, e “typos”, que significa traço. Este termo é historicamente originado
de uma placa metálica de características fixas destinada à impressão em série. Os
estereótipos podem ser caracterizados por:
- Artefatos humanos socialmente
construídos, transmitidos de geração em geração, não apenas através de contatos
diretos entre os diversos agentes sociais, mas também criados e reforçados
pelos meios de comunicação, que são capazes de alterar as impressões sobre os
grupos em vários sentidos.
A grande questão a considerar na
compreensão da ideologia de gênero é concluir se a disforia de gênero é de fato
um transtorno mental causado por uma série de fatores que precisam ser
claramente identificados, ou se é, como defendem os seus criadores, uma
variação absolutamente natural do comportamento humano.
Uma das maneiras de enfrentarmos a
questão é pesquisarmos as causas das diferentes orientações sexuais. A ciência
tem muito a contribuir ainda no enfrentamento desta questão.
Muitos buscam uma resposta para
esse tema com base apenas na sua religião. Na noção religiosa histórica e milenar
tais comportamentos são diabólicos e patológicos.
Para uma geração criacionista: “Deus
disse: Façamos os seres humanos à nossa imagem, de forma que reflitam a nossa
natureza... E Deus criou os seres humanos; criou-os à semelhança de Deus,
refletindo a natureza de Deus. Ele os criou macho e fêmea”. (Gênesis 1. 26-28 –
Bíblia a Mensagem).
Acredito que as coisas não estão
muito claras quando tratamos deste assunto, tanto na igreja ou mesmo dentro das
nossas famílias. O que fazer? Como tratar a questão? “Penso que minha filosofia
seja esta: tudo está errado até que Deus endireite as coisas” (A. W. Tozer).
Deus quer capacitar sua igreja para
enfrentar essas questões com boa base bíblica e com uma ética cristã.
Precisamos estar abertos para este momento.
Para enfrentar esses desafios que
estão diante de nós, devemos ser ousados e corajosos. Devemos ser pacientes e
simpáticos. Devemos ser amáveis e humildes. Persuasivos e persistentes. Francos
e solenes. Claros, assertivos e corretivos.
Encorajemos a igreja e nossos
líderes para que creiam na Palavra de Deus. Todo conselho de Deus é a verdade.
Falemos aberta e francamente sobre
o pecado, e sobre os pecados que destroem a nossa vida em família e comunidade.
Protejamos o povo de Deus,
confrontando o mundo quando nos tenta empurrar o seu modelo.
Reconheçamos a Cristo como a
verdade e único caminho para Deus e para a vida eterna.
Anunciemos a Jesus e as suas boas
novas que nos livram da maldição e do pecado.
Estendamos o perdão a todos aqueles
que através do arrependimento decidam viver em santidade. Peçamos perdão quando
de forma imprudente tratarmos alguém inadequada e inconveniente.
Façamos grande esforço para receber
aqueles que desejam viver em comunidade, abandonando o seu pecado e lutando
contra ele.
Procuremos amar a todos em nosso
meio, apesar de suas fraquezas, pois todos devem ser alvo da graça de Deus.
Exercitemos e apliquemos as disciplinas bíblicas para que todos sejam
conduzidos a viver em santidade e amor cristão.
Aceitemos as verdades bíblicas como
a verdade de Deus capaz de transformar as nossas vidas: Gênesis 19-1-9; Juízes
19. 22-25. Levítico 18.22. Levítico 20.13; Romanos 1. 26-27; 1 Coríntios 6.
9-11 e 1 Timóteo 1. 9-10.
Pr.
Carlos Elias de Souza Santos
Referências:
1. AZEVEDO, Israel Belo de. As questões homossexuais
e de gênero. Rio de Janeiro: Ed. Prazer da Palavra, 2017.
2. BURKE, John. Proibida a entrada de
pessoas perfeitas: um chamado à tolerância na igreja. Trad. Onofre Muniz. 4ª
Reimpressão. São Paulo: Editora Vida, 2012.
3. BUTLER,Judith. Problemas de Gênero -
Feminismo e Subversão da Identidade – Trad. Renato Aguiar. Col. Sujeito &
História - 8ª Ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira,2015.
4. DEYOUNG, Kevin. O que a Bíblia ensina sobre
a homossexualidade? Trad. Francisco Wellington Ferreira. S.J. dos Campos: Fiel,
2015.
5. HEILBORN, Maria Luiza; DUARTE, Luiz
Fernando Dias; PEIXOTO, Clarice. BARROS, Myriam Lins de (Orgs.) Sexualidade,
família e ethos religioso. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
6. MACHADO, Maria das Dores Campos; PICCOLLO,
Fernanda Delvalhas (Orgs.). Religiões e homossexualidade. Rio de Janeiro: Ed.
FGV, 2010.
7. OSTERMANN, Ana Cristina; FONTANA,
Beatriz (Orgs.). Linguagem. Gênero. Sexualidade: Clássicos traduzidos. Robin
Lakoff...[et. al.], Tradução Ana Cristina Ostermann, Beatriz Fontana. São
Paulo: Parábola Editorial, 2010.
8. PETERSON. Eugene H. Bíblia de Estudo A Mensagem:
Bíblia com Linguagem Contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2014.
9. VEITH, Gene Edward Jr. TEMPOS
pós-modernos: uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa época.
1ª Ed. Trad. Hope Gordon Silva. São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
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