PIEDADE MALICIOSA E INIQUIDADE ESPIRITUAL


Qualquer leitura superficial dos evangelhos consegue flagrar sem nenhuma dificuldade que, durante o seu ministério, o Senhor Jesus dirigia as críticas mais contundentes aos fariseus e sacerdotes, a liderança teológica e devocional das instituições judaicas.

O discurso de Mateus 23 repete, como um estribilho recorrente, a expressão: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas!”.

São chamados de guias cegos.

São aqueles que fecham o Reino dos céus: não entram e nem deixam entrar.

São aqueles que são chamados de mestres, pais e líderes, sem ser qualquer um dos três.

São aqueles que fazem longas orações para devorar as casas das viúvas.

Para eles, o ouro vale mais que o santuário e as ofertas representam mais do que o altar.

Para eles, o dízimo é mais precioso que a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

São aqueles que coam um mosquito e engolem um camelo.

São aqueles que limpam o exterior da louça enquanto deixam a sujeira permanecer por dentro.

São aqueles que se assemelham a sepulcros ornamentados por fora enquanto, internamente, escondem carniças fétidas e podridões.

São serpentes. São raça de víboras.

A parábola de Lucas 13.6-9, sobre a figueira estéril, é uma narrativa que denuncia a liderança religiosa judaica como uma árvore que já não dá fruto.

As curas realizadas nos sábados, como contadas pelo Evangelho de Marcos, e o discurso de Jesus contra a tradição dos anciãos, em Marcos 7 e Mateus 15, contêm firmes exortações aos que, conforme as palavras do próprio Mestre, cantam louvores com os lábios, mas o coração permanece longe de Deus.

O pior tipo de religião é o que dá espaço para a piedade impiedosa, a fé sem amor e a espiritualidade carnal. É o que leva alguém a erguer os braços em oração fervorosa e a sequer se comover com o sofrimento do próximo. É o que traz ofertas ao altar e guarda rancor amargo no coração. É o que recita vários salmos com a voz embargada e ofende o irmão com insultos indecorosos.

Desse tipo de religião ninguém precisa. Mas é o que mais se acha nas esquinas e nas praças.

Sem a autenticidade dos ensinos do Evangelho, qualquer igreja vira clube social, qualquer templo torna-se um mero edifício de tijolos e cimento, qualquer púlpito não passa de palanque, qualquer congregação é apenas um auditório, qualquer grupo musical se transforma em fogueira de vaidades, e por aí vai.

O que são os evangélicos hoje?

Em grande parte, casca sem miolo, moldura sem quadro, estrutura sem vida.

O que são os pregadores hoje?

Em grande parte, oradores eloquentes que gesticulam, gritam, encenam e manipulam com o único propósito de satisfazer seus interesses materialistas e financeiros.

O que são as igrejas hoje?

Em grande parte, casas comerciais que vendem favores divinos a gente que só se interessa mesmo é pelo bem-estar físico e econômico. Ou seja, pequenos interesseiros que, facilmente, se tornam vítimas dos grandes interesseiros.

E, no meio disso tudo, que é o Evangelho?
BLOG DO PASTOR NOVAES: PIEDADE MALICIOSA E INIQUIDADE ESPIRITUAL

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