AS IMPLICAÇÕES DA ENCARNAÇÃO

AS IMPLICAÇÕES DA ENCARNAÇÃO

No princípio era o Verbo é a notória abertura presente no primeiro capítulo do Evangelho de João, que em seus versículos iniciais retoma a criação do mundo, tema ainda do primeiro capítulo do Gênesis.

Contudo, ao apresentar Jesus Cristo como o próprio "Verbo": “No princípio (ἀρχή) era o Verbo (λόγος), e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1-4). João, o Evangelista procura elucidar para uma compreensão cristã, que existia uma concepção grega da oposição entre logos e caos, oposição esta que aparece desde textos como a Teogonia* de Hesíodo, escrito por volta de 900 anos antes deste que é o quarto e último evangelho, que, por sua vez, foi elaborado entre os anos 95 e 100 d.C.

*Teogonia (em grego, Θεογονία [theos, deus + gonia, nascimento] - THEOGONIA, na transliteração), também conhecida por Genealogia dos Deuses, é um poema mitológico em 1022 versos hexâmetros escrito por Hesíodo no séc. VIII a.C., no qual o narrador é o próprio poeta.

No Evangelho de João o Verbo é eterno. Muito tem sido dito sobre como João tomou o termo "Logos", o Verbo. Certamente ele conhecia o seu uso dentro da filosofia grega, e pode ter usado o termo como um bom argumento filosófico. Mesmo assim, não se poderia dizer que João simplesmente deixou o Logos da mesma forma que ele o encontrou entre os filósofos. Para os gregos, a progressiva gênese do universo segue da desordem para a ordem, sendo presidida por Zeus. Esse ordenamento começa com os elementos fundamentais e se desenvolve por seis gerações sucessivas de deuses: No início Caos, (ou vazio primitivo) e Gaia (a terra) conviviam com Tártaro (a escuridão primeva) e Eros (a atração amorosa), e assim numa sucessão politeísta os gregos procuravam dar sentido e ordem ao seu universo. Diante de tantos deuses, a busca pelo ordenamento do universo, tornou-se num terrível caos existencial.

Desejando pôr ordem na casa, João se levanta para resgatar o conceito do Logos com um sentido que poucos esperavam. Ele encheu o Logos de personalidade e identificou o Verbo não como alguma confusa, celeste essência que é o princípio guia de todas as coisas (como os gregos pensavam), mas o apresentou como sendo o eterno Filho de Deus, Aquele que entrou no tempo e na experiência humana como Jesus de Nazaré. O "Verbo" revela que Jesus é a mente de Deus, o pensamento de Deus, sua completa e viva revelação. Jesus não só veio a nós para nos dizer como é Deus - Ele nos mostrou. Ele é a revelação de Deus.

1.    No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2.     Ele estava no princípio com Deus.
3.    Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
4.     Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5.    E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
6.     Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
7.    Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
8.    Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
9.     Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
10.    Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
11.    Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12.     Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;
13.     Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
14.     E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.                                               (João 1:1-14).

... Pense nas implicações envolvidas aqui.

Quando Deus decidiu revelar-se à humanidade, qual o meio que usou?

-Um livro? Não, isso foi secundário.

-Uma igreja? Não. Isso foi uma consequência.

-Um código moral? Não.

Limitar a revelação de Deus a uma lista fria de "faça" e "não faça" é tão trágico como olhar para um mapa rodoviário e dizer que você viu as montanhas.

Quando Deus decidiu revelar-se, ele fez isso através de um corpo humano.

A boca que proferiu a ordem para ressurreição de mortos era humana. A mão que tocou o leproso tinha sujeira debaixo das unhas. Os pés sobre os quais a mulher chorou eram calosos e empoeirados. E suas lágrimas... oh, não se esqueça das lágrimas... elas vieram de um coração tão quebrantado como o seu ou o meu jamais o foram.

"Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas" (Heb 4.15)

As pessoas se aproximavam então dele. Puxa, como o procuravam! Elas surgiam à noite; tocavam nele quando caminhava pelas ruas; seguiam-no até o mar; convidavam-no para suas casas e colocavam seus filhos aos pés dele. Por quê? Porque ele se recusou a tornar-se uma estátua numa catedral ou um sacerdote num púlpito elevado. Ele escolheu em vez disso ser Jesus, o verbo encarnado.

Ao invés de dizer com palavras, Ele procurou mostrar como é.

Não há sequer uma sugestão de alguém que temesse aproximar-se dele. Havia alguns que o ridicularizavam. Havia outros que o invejavam. Outros ainda que não o compreendiam. E outros que o reverenciavam. Mas não havia ninguém que o considerasse santo demais, divino demais, ou celestial demais para ser tocado. Não houve uma pessoa sequer que relutasse aproximar-se dele com medo de ser rejeitada.

Quantas implicações por entre essa encarnação. Procure se lembrar da encarnação de Cristo, quando ficar surpreso com suas próprias falhas, ou da próxima vez em que acusações ácidas fizerem buracos em sua alma. Quando adentrar uma catedral fria ou ouvir uma liturgia sem vida, procure pensar nas implicações da encarnação.

Lembre-se! É o homem que cria a distância. É Jesus quem constrói a ponte.   (“Max Lucado, "Jesus Chegou Mais Perto" São Paulo: Editora Vida Cristã, 1987, pp. 50-51).

1)    NO PRÍNCIPIO: Por uma simples questão de ordenamento.
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. (João 1.1).

E o Verbo era Deus - Basicamente, a passagem ensina que o Verbo, em sua essencial natureza, é Deus.
 
João não chama o Verbo de "divino", como um grego politeísta diria. Ele não usa o adjetivo, theios, que descreveria natureza divina, ou um ser divino. Ao invés disto, ele usa theos, a mesma palavra que João usa consistentemente para o Pai, "o único Deus verdadeiro" (17:3). Ele usa o termo 3 vezes com Jesus no Evangelho, aqui, em 1:18 e em 20:28. Não pode-se duvidar que João jamais chamaria uma criatura de Deus. Sua educação e herança judaica proibiam isto.

 “O Verbo” em grego significa ‘logos’ e para a mente do grego, logos era a força mais poderosa do universo. Era poder criativo, fonte de sabedoria, conhecimento, inteligência, e João está dizendo que este logos é uma pessoa e Ele se tornou um homem, Deus que veio ao mundo através do menino Jesus.

Dr. Kenneth Wuest, por muito tempo professor de grego na Moody Bible Institute em Chicago, comentou sobre este verso:

“O Verbo era Deus. Aqui, a palavra "Deus" está sem o artigo no original. Quando é usado desta forma, ele se refere à essência divina. Ênfase está sob a qualidade ou caráter. Assim, João nos ensina que o nosso Senhor é em essência Deus. Ele possui a mesma essência que Deus o Pai, é um com Ele em natureza e atributos. Jesus de Nazaré, o carpinteiro, o mestre, é verdadeiramente Deus”.

(Kenneth Wuest, Word Studies in the Greek New Testament, vol. 3, 'Golden Nuggets,' página 52.)


Quando paramos para perceber a ordem das coisas dadas por Deus, descobrimos que Deus deu:

-uma pessoa,

-depois uma proclamação, e

-depois um povo.

Esta é a ordem histórica e teológica.

Deus deu primeiro uma pessoa, Jesus Cristo. Ele deu uma pessoa e não um credo como o objeto de fé e base da salvação. Deus o Pai do Senhor Jesus Cristo é sempre um Deus de presença pessoal e um Deus que espera uma resposta pessoal.

A proclamação é centralizada na pessoa. Ele é o conteúdo da mensagem pregada. A igreja primitiva proclamou “este Jesus” e declarou o que Deus tinha feito por meio dEle. ... . A proclamação por sua vez exigiu uma resposta.

A palavra proclamada é o que em seguida chama e junta um povo. O povo responde à proclamação da pessoa. “A igreja é derivada da palavra do evangelho e do Cristo, que é a Palavra. Deus deu uma palavra antes mesmo de estabelecer uma Igreja*.”

(*Everett Ferguson, "The Church of Christ: A Biblical Ecclesiology for Today", Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1996, xvii)

Antes de tudo Deus nos deu uma pessoa - Cristo Jesus. O que sempre deve estar em primeiro lugar, não é o povo (a Igreja), e nem a proclamação (a Bíblia), e sim uma pessoa - Cristo Jesus, o Filho de Deus, nosso Senhor e Mestre.

O que nós temos para compartilhar não é uma instituição ou organização ou certa estrutura. O mais importante, aquilo do qual, por falta na sua vida, o mundo está morrendo não é uma doutrina. Não é um livro. É uma pessoa.

Nossa missão é de ajudar outras pessoas a chegarem perto de Jesus. Mas, antes de ajudar outro a chegar perto do Mestre, eu tenho que estar lá. O que tem que ter prioridade, o que é, nas palavras do próprio Jesus necessário é estar perto da pessoa de Jesus Cristo. Sentado aos pés dEle ou deitado na manjedoura. O que é preciso é estar perto dEle. É lá onde eu quero estar. (Lucas 10:38-42)

“E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; 
E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. 
Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. 
E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária
E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.  (Lucas 10:38-42)

2)    NO PRINCÍPIO: Por uma simples questão de vida.

“Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. (João 1.4)

Quantos sentindo falta de vida, enquanto em Cristo está a vida.

Quantos estão vivendo com absoluto medo da vida.

Qual seu maior medo? O que é que mais lhe assusta?

-Um dia uma linda menininha com pouco mais de cinco anos perguntou ao seu pai: "Pai, se eu morresse e fosse para o céu, você poderia morrer e também ir comigo?" Como pai ele desejou saber porque ela queria saber aquilo.

Ela respondeu, "Porque eu não queria ficar sozinha lá. Eu ia ter saudades de você e de Mamãe."

Como pai, Ele já tinha dito a ela no passado que no céu ela estaria com Jesus. Mas, com o passar do tempo descobriu que isso não a tranquilizava. Ela dizia "Mas eu não conheço Jesus!"

Nós não somos um pouco parecidos com ela? Será que nosso maior medo não é igual ao de uma criança? Medo da morte, do desconhecido. Medo de ficar longe de pessoas que amamos.

Jesus sabia do medo de seus discípulos. Quando Ele morreu, ele voltou da morte para lhes passar segurança. Jesus voltou para dizer "Não tenha medo - eu venci a morte."

Ele voltou também para dizer "Eu não vou deixar vocês sozinhos. Estarei sempre com vocês. E um dia nós todos vamos ficar com nosso Pai para sempre."

Um dia conversando com seu discípulo, Jesus afirmou:

“Mesmo vós sabeis para onde vou, e conheceis o caminho. 
Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:4-6). 
Logo após Jesus argumenta com Felipe: 
“-Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14:9).

3)    NO PRÍNCÍPIO: Por uma simples questão de filiação.

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”. (João 1.12)

Há certos acontecimentos que nos fazem perceber claramente a Maravilhosa Graça de Deus.

Alguns anos atrás, numa igreja na Inglaterra, o pastor notou um ex-assaltante se ajoelhando para receber a ceia do Senhor ao lado de um juiz da Suprema Corte da Inglaterra. O juiz era o mesmo que, anos antes, havia condenado o assaltante a sete anos na prisão.

Após o culto, enquanto o juiz e o pastor caminhavam juntos, o juiz perguntou, “Você viu quem estava ajoelhado ao meu lado durante a ceia?”

“Sim”, respondeu o pastor, “mas eu não sabia que você havia notado”.

Os dois homens caminharam em silêncio por alguns momentos. Daí o juiz disse, “Que milagre da graça!”

O pastor concordou. “Sim, que milagre maravilhoso da graça”.

Daí o juiz perguntou, “Mas você se refere a quem?”

O pastor respondeu “É claro, à conversão do assaltante.”

O juiz falou “Mas eu não estava pensando nele. Estava pensando em mim mesmo.”

“Como assim?” indagou o pastor.

O juiz respondeu, “O assaltante sabia o quanto ele precisava de Cristo para salvá-lo dos seus pecados. Mas, olhe para mim. Eu fui ensinado desde a infância a ser um cavalheiro, a cumprir a minha palavra, fazer minha orações, ir à igreja. Eu passei por Oxford, recebi meu diploma, fui advogado e pela misericórdia de Deus tornei-me juiz. Pastor, nada, a não ser a graça de Deus, poderia ter me levado a admitir que eu era um pecador igual àquele assaltante. Quanta graça se fez necessária para me perdoar por meu orgulho, minha confiança em mim mesmo, para me levar a reconhecer que não sou melhor aos olhos de Deus do que aquele assaltante que eu mandei à prisão.”

E que maravilha a graça é. “O que muita gente se esquece é que boas pessoas só não entram no céu porque seu orgulho as impede de chegar ao Salvador*”. 

(*Steven J. Cole, Not the healthy but the sick WORLD (March 1, 1997).

Lembre-se: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. (Efésios 2.8).

Como o evangelho é simples. Você pode acessá-lo pela fé. Basta tão somente se deixar ser atingido por essa graça.

Se você receber a Jesus como seu salvador pessoal, ele mesmo providenciará para que você seja reconhecido como um filho de Deus.

“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome”. (João 1.12)

Você já crê no nome de Jesus?

Nenhum comentário:

Postar um comentário