A MORTE DA MORTE NA MORTE DE CRISTO

O titulo é de uma obra de John Owen, escritor e teólogo, publicada em 1647. Não vamos discorrer aqui sobre o conteúdo desse livro (de cunho polêmico), cujo objetivo é defender a redenção efetuada por Cristo na cruz apenas para os eleitos e predestinados, conforme ênfase da doutrina da predestinação de João Calvino e teólogos calvinistas.
O título sim, nos chama a atenção: “A morte da morte na morte de Cristo”. Mas o que significa, afinal, a palavra “morte” nas três vezes em que ocorre nesta sentença?

1) A MORTE DA MORTE

Em primeiro lugar, todos os homens são pecadores e, por isso, sujeitos à morte física e espiritual.

Aqui, nos referimos à segunda menção da palavra “morte”.

De acordo com a Bíblia,

“o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12 – NVI).

É a morte do corpo e da alma. Enquanto a morte física separa a alma do corpo, o qual retorna à terra, a morte espiritual afasta o homem de Deus.

O livro de Hebreus ensina-nos que todos nós um dia enfrentaremos a morte: “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hebreus 9.27).

E o pecado é o causador dessa separação. O profeta declara:

“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” (Is 59.2).

Que tristeza! Tanto a morte física quanto a morte espiritual constituem a grande tragédia da humanidade.

2) A MORTE DA MORTE

Em segundo lugar, essas duas mortes, física e espiritual, morrem na vida dos que estão em Jesus Cristo. Quer dizer, a morte que tanto nos aflige e nos tira a alegria já tem sua morte decretada em Cristo.

Essa é a morte mencionada primeiramente no título.

Em outras palavras: a “morte morre”. A morte morre? Estranho, não é?

Bem, a morte eterna, que é a finalização da morte espiritual, já morreu antecipadamente para quem vive para Deus. Jesus diz:

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo 5.24).

Por isso, Jesus foi levantado na cruz e crucificado “para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.15). A vida eterna anula a morte eterna, a separação definitiva entre o ser humano e Deus. Logo, a vida eterna já nos é assegurada em Cristo nesta vida.

Quanto à morte física, sabemos que não escaparemos dela, a menos que Cristo volte antes que ela ocorra.

Felizmente, há uma certeza para nós: “Ora, o último inimigo a ser aniquilado é a morte” (1Co 15.26).

Quando se dará?

Na ressurreição dos mortos em Cristo, por ocasião da volta do Senhor Jesus. Em 1Coríntios 15.50-55, Paulo diz que quando o nosso Senhor retornar à terra, os vivos subirão com os corpos transformados, isto é, corpos íntegros e imortais. Então, se cumprirá a Palavra de Deus: “Tragada foi a morte pela vitória” (1Co 15.54). A morte por fim morrerá.

Em 1Tessalonicenses 4.16,17, lemos que os que morreram em Cristo ressuscitarão e os que estiverem vivos serão arrebatados com eles para viverem eternamente com o Senhor Jesus. Já em Apocalipse 21.4, está escrito: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”. Isto é, a morte física terá seu fim.

3) A MORTE DA MORTE NA MORTE DE CRISTO.

Em terceiro lugar, a morte da morte só é possível na morte de Jesus Cristo.

Essa morte é a terceira referida do titulo.

É a “morte” de Cristo que causa a “morte” das “mortes” física e espiritual.

Complicado?

Vejamos. Em 2Timóteo 1.10, Paulo escreve que Jesus Cristo não só destruiu a morte como também trouxe a vida e a imortalidade. Lemos, em Hebreus 2.14,15, o seguinte:

“E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão”.

Quando Cristo morreu na cruz, fazendo-se maldito em nosso lugar, teve o propósito deliberado e planejado de nos conceder vida eterna. “...morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão”. (1 Pe 3:18b).

CONCLUSÃO

Concluímos dizendo que a morte da morte na morte de Cristo é um fato que nos deve levar a amar mais o nosso Senhor.

Por que Jesus Cristo teve de passar pela morte?

Para anular a morte, que foi decretada contra nós por causa do pecado. A morte física, que desaba sobre nós como uma guilhotina sobre a cabeça do condenado, e a morte espiritual, que traz a conseqüente e terrível morte eterna, são inevitáveis resultados do pecado. Mas a vitória do cristão está garantida, como diz o apóstolo:


“Graças a Deus, que nós dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Co 15.57).

Nenhum comentário:

Postar um comentário