Qual o Problema central a se abordar num tema como esse?
Certamente o problema não está no PAPEL. Acredito que o problema a ser abordado aqui é bem mais abrangente.
Muitas vezes em se tratando de ministério infantil, o problema está no pastor e nele também podem estar as soluções para os desafios deste ministério.
Vale dizer logo de início que ministério Infantil é coisa Séria.
E para falar de um ministério sério como esse nada melhor do que falar de alguém que levou as crianças a sério: JESUS.
É neste texto de Marcos 10 de 13 a 16 que vamos tirar importantes lições sobre como Jesus nos mostra a seriedade no trato com as crianças.
William Barclay diz que só compreenderemos a beleza desta passagem quando observamos quando esse fato aconteceu.
Jesus estava indo para Jerusalém. Ele marchava para a cruz. Foi nessa caminhada dramática, dolorosa, que ele encontrou tempo em sua agenda e espaço em seu coração para acolher as crianças, orar por elas e abençoá-las.
A primeira lição deixada por Jesus aqui é que devemos DEDICAR UM TEMPO PRECIOSO DO NOSSO MINISTÉRIO PARA AS CRIANÇAS.
Em muitas igrejas e ministérios as crianças são deixadas em segundo plano. A igreja investe em missionários, seminaristas, músicos, mas não em líderes e professores para o ministério infantil e também não há critério algum para escolha daquelas pessoas que estarão pastoreando o coração de nossas crianças.
Como primeira direção para esta reflexão entendemos que o pastor e ou líder do ministério infantil precisa ser como Jesus foi:
1. UM INCENTIVADOR DOS QUE TRAZEM AS CRIANÇAS A JESUS – (10.13)
As crianças não vieram; elas foram trazidas. Algumas delas eram crianças de colo, outras vieram andando, mas todas foram trazidas. Devemos ser facilitadores e não obstáculo para as crianças virem a Cristo.
Os pais ou mesmo parentes reconheceram a necessidade de trazer as crianças a Cristo. Eles não as consideram insignificantes nem acharam que elas pudessem ficar longe de Cristo. Esses pais olharam para seus filhos como bênção e não como fardo, como herança de Deus e não como um problema (Sl 127.3). Aqueles que trazem as crianças a Cristo reconhecem que elas precisam de Jesus. Era costume naquela época, os pais trazerem seus filhos aos rabis para que eles orassem por eles. A palavra grega paidia referia-se a fase da primeira infância até ao período da pré-adolescência. Lucas usa brephos (Lc 18.15), que a princípio significa bebê, depois também criança pequena, mas nos versos 16 e 17 também tem duas vezes paidion.
As crianças podem e devem ser trazidas a Cristo. Na cultura grega e judaica as crianças não recebiam o valor devido, mas no Reino de Deus elas não apenas são acolhidas, mas também são tratadas como modelo para os demais que querem entrar.
Adolf Pohl corretamente interpreta o ensino de Jesus, quando afirma:
Não deixe as crianças esperar; não hesite em trazê-las para as mãos de Jesus, não conte com “mais tarde”: mais tarde, quando você for maior, quando entender mais a Bíblia, quando for batizado, etc. As crianças podem ser trazidas com muita confiança no poder salvador de Jesus. O reinado de Deus rompe a barreira da idade assim como a barreira sexual (o evangelho para mulheres), da profissão (para cobradores de impostos), do corpo (para doentes), da vontade pessoal (para endemoninhado) e da nacionalidade (para gentios). Portanto, também as crianças podem ser trazidas dos seus cantos para que Jesus as abençoe. (Evangelho de Marcos. 1998: p. 297.)O pastor e ou líder do ministério infantil precisa ser como Jesus foi:
2. UM REMOVEDOR DE OBSTÁCULOS QUE IMPEDEM AS CRIANÇAS DE VIREM A CRISTO – (10.13)
Alguém perguntou a Gandi, o líder espiritual da Índia: “Qual é o maior impedimento para o Cristianismo na Índia?” Ele respondeu: “Os cristãos”.
Os discípulos de Cristo mais uma vez demonstram dureza de coração e falta de visão. Em vez de serem facilitadores, tornaram-se obstáculos para as crianças virem a Cristo. Eles não achavam que as crianças fossem importantes, mesmo depois de Jesus ter ensinado claramente sobre isso (Marcos 9.36,37).
Os discípulos não compreenderam a missão de Jesus, a missão deles e nem a natureza do Reino de Deus.
Os discípulos repreendiam aqueles que traziam as crianças por acharem que Jesus não devia ser incomodado por questões irrelevantes. O verbo grego usado pelos discípulos indica que eles continuaram repreendendo enquanto as pessoas traziam seus filhos.
Eles agiam com preconceito. Podemos impedir as pessoas de trazerem as crianças a Cristo por comodismo, por negligência, ou por alguma falsa compreensão espiritual, vejamos:
a) Achar que as crianças não são importantes;
b) Pensar que elas não precisam da Salvação;
c) Achar que pessoas “importantes”, tem coisa mais importante do que as crianças para considerar.
Isso é uma falsa compreensão do papel e da importância do Ministério infantil.
Para desenvolver um bom ministério infantil é preciso dedicar tempo às crianças. Lembre-se: Ministério Infantil é coisa Séria. E digo mais, Ministério infantil não é circo.
Por fim, qual seria o real papel do pastor no ministério infantil?
3. O PAPEL PRINCIPAL DE UM PASTOR É ABENÇOAR AS CRIANÇAS – (10.16)
Ninguém mais do que Jesus abençoou as crianças. Jesus demonstra amor, cuidado e atenção especial com todos aqueles que eram marginalizados na sociedade. Ele dava valor aos leprosos, aos enfermos, aos publicanos, às prostitutas, aos gentios e agora, às crianças.
O “porquê” desse modo de agir de Jesus? Certamente ele conhecia a fundo as necessidades das crianças. Jesus sabia que...
Uma criança precisa de amor.
Uma criança precisa se sentir segura.
Uma criança precisa se sentir aceita.
Uma criança precisa de disciplina.
Uma criança precisa do reconhecimento do seu valor.
Jesus procurou atender essas necessidades básicas da criança.
Este exemplo deixado por Jesus no serve de encorajamento. O encorajamento era para os pais das crianças e para as próprias crianças, embora a palavra tenha sido dirigida aos discípulos: “Deixar vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (10.14). Jesus manda abrir o caminho de acesso a ele para que as crianças possam vir. Encontramos uma grande verdade enfatizada aqui: A afeição de Jesus às crianças – (10.14)
Não é a primeira vez que Jesus demonstra amor às crianças. Ele diz que quem recebe uma criança em seu nome é o mesmo que receber a ele próprio (Mc. 9.36,37).
Jesus afirma, por outro lado, que fazer uma criança tropeçar é uma atitude gravíssima (Mc. 9.42).
Agora, Jesus acolhe as crianças, toma-as em seus braços, ora por elas, impõe as mãos sobre elas e as abençoa (10.16).
Podemos ver neste episódio claramente a indignação de Jesus – (10.14).
Jesus se indignou quando viu que os discípulos afastaram as pessoas em vez de introduzi-las a ele. A palavra grega AGANAKTEO sugere uma forte emoção. Este é o único lugar nos evangelhos onde Jesus dirige sua indignação aos discípulos, exatamente quando eles demonstram preconceito com as crianças.
Jesus já ficara indignado com seus inimigos, mas agora fica indignado com os discípulos. É a única vez que o desgosto de Jesus se direciona aos próprios discípulos, quando se tornam estorvo em vez de bênção, quando eles levantam muros em vez de construir pontes.
A indignação de Jesus aconteceu concomitantemente com o seu amor. A razão pela qual ele se indignou com os seus discípulos foi o seu amor profundo e compassivo para com os pequeninos, e todos os que os trouxeram.
Falamos para as crianças comportarem-se como os adultos, mas Jesus ensinou que os adultos devem imitar as crianças.
Jesus é enfático, quando afirma: “... porque dos tais é o reino de Deus” (10.14). Isso tem a ver com a natureza do reino de Deus.
Como abençoar as crianças????
Jesus não apenas acolhe as crianças e repreende os discípulos, mas faz outras coisas importantes:
Ele toma as crianças em seus braços. Com isso Jesus revela seu carinho, aceitação, valorização, proteção e cuidado com as crianças.
Ele impõe as mãos sobre as crianças. Os pais trouxeram as crianças para que Jesus as tocasse (Lc 18.15) e orasse por elas (Mt 19.13). Jesus em vez de concordar com os discípulos, mandando-as embora, chamou-as para junto de si (Lc 18.16) e impôs sobre elas as mãos. Jesus invocou as bênçãos espirituais sobre aquelas crianças. Jesus toma a primeira criança em seus braços e coloca a sua mão na cabeça do infante. Então, com ternura ele a abençoa por meio de uma oração valiosa ao Pai, para que seu favor seja derramado sobre ela. Ao terminar sua oração, ele devolve a criança para a pessoa que a havia trazido, pega a criança seguinte, e assim sucessivamente, até ter abençoado todas elas.
Para concluir, vale lembrar que receber o reino de Deus como uma pequena criança significa aceitá-lo com simplicidade e confiança genuína, bem como humildade despretensiosa. O reino de Deus é o domínio de Deus no coração e na vida do ser humano juntamente com todas as bênçãos que resultam desse domínio. Entrar no reino é ser salvo, é ter a vida eterna.
Nós estamos ajudando ou atrapalhando as crianças de virem a Cristo? Estamos recebendo o reino de Deus com a confiança sincera de uma criança?
Jesus, em vários momentos da Bíblia, valorizou e deu grande importância às crianças (Mt 18.1-5; Mc 10.14). Ele disse também (João 21.15) para Simão Pedro apascentar, instruir, doutrinar os seus cordeiros, ou seja, as crianças, já que cordeiro é o filho ainda novo da ovelha. Antes porém Jesus lhe perguntou: “Pedro você me ama?”.
Se você ama a Jesus e ama as crianças, certamente você amará o que você faz e o resultado do seu trabalho será o fruto do seu amor a Jesus.
Uma enfermeira fazia curativos em muitas feridas de um paciente. Alguém, impressionado, disse-lhe: "Nem por um milhão eu faria um trabalho desses". Ela após ter ouvido o que ele disse respondeu-lhe: "Eu também não, mas faço tudo por amor a Jesus, como se estivesse cuidando dele. Ele me amou, cuidou da minha dor, das minhas feridas. Estou retribuindo esse amor".
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