Sola Scriptura (somente a Escritura), Sola Fide (somente a fé), Sola Gratia (somente a graça), Solus Christus (somente Cristo), Soli Deo Gloria (glória somente a Deus). |
Precisamente no dia 31 de outubro de 2010, completamos 493 anos de Reforma Protestante. A Reforma Protestante fundamentou-se basicamente em 05 (cinco) “Solas”. Eles são um breve resumo das doutrinas da Reforma, expostas através das tão conhecidas solas (vocábulo em latim para “apenas” ou “só”): sola Scriptura, que significa “somente a Escritura”; solus Christus, que significa “somente Cristo”; sola gratia, que significa “somente a graça”; sola fide, que significa “somente a fé”; e soli Deo gloria, que significa “glória somente a Deus”.
O que levou os reformadores a buscar na igreja a essência dos “somente”? Vejamos. Sempre tendo à frente cristãos fiéis, o evangelho de Cristo foi anunciado e muitas pessoas creram em Jesus como seu Salvador. Apesar de muitas perseguições e de muitos cristãos mortos pela sua fé, o cristianismo florescia em muitos lugares. Mas enquanto os anos passavam, e a Igreja crescia, também surgiram muitos problemas, normalmente motivados por cristãos falsos e interesseiros. Surgiram problemas de ordem estrutural, política e, especialmente, doutrinária. E assim, no decurso dos séculos, vários desvios doutrinários se infiltraram nos ensinamentos da Igreja, afastando-a do verdadeiro evangelho de Cristo. Cristãos piedosos e preocupados fizeram várias tentativas de levar a Igreja de volta ao ensino de Cristo. Entre eles, podem ser citados Agostinho, Pedro Waldo, João Wiclif e João Huss. Mas poucos conseguiram. O erro e os interesses persistiram. E parecia que eles cresciam sempre mais.
A situação estava num ponto crítico, quando surgiu na história um monge alemão chamado Martinho Lutero. Preocupado em ser um cristão fiel, Lutero logo se viu diante de dois problemas básicos. O primeiro: não conseguiu sentir-se tranqüilo diante da (falsa) doutrina da salvação por boas obras. Tentou muito, mas não conseguiu sentir-se aceito diante de Deus. Até que descobriu que a Bíblia diz exatamente o contrário: O JUSTO VIVERÁ DA FÉ (Romanos 1.17). Isto é: bastava crer em Cristo para ser salvo e aceito por Deus. O segundo problema: a Igreja estava praticando um sistema mercantilista com o perdão dos pecados. Dizia que, através do pagamento de determinada quantia, os fiéis tinham suas penas diminuídas no purgatório. Este procedimento tornou-se um rendoso negócio para os ávidos bolsos do papa e dos bispos, que passaram a viver em crescente poder e luxo.
Não podendo ficar calado, Lutero, a 31 de outubro de 1517, afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg suas 95 Teses contra os abusos da Igreja e especialmente contra a venda de indulgências. Logo o conteúdo destas Teses explodiu por todos os lados. Lutero, então, passou a participar de vários debates teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir mão da verdade e retratar-se de suas críticas à Igreja e ao Papa.
Em 1520, Lutero foi excomungado pelo Papa e, no mesmo ano, queimou a Bula de Excomunhão em praça pública, rompendo assim com a Igreja Católica da época. Em 1530, surgiu a Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Melanchton, seu fiel companheiro. Este documento trazia um resumo dos ensinos luteranos. Pouco a pouco, o ideal de reforma da Igreja Católica que Lutero possuía foi sendo sufocado e o Reformador viu-se obrigado, juntamente com seus seguidores, a formar um grupo separado de cristãos que queriam permanecer fiéis às verdades bíblicas do Evangelho.
É isso que celebramos nesta data da Reforma Protestante: Cristãos e Igrejas que desejam permanecer fiéis às verdades do Evangelho. A Igreja continua carecendo de reformas, e por isso nunca deve perder o ideal da reforma: “Ecclesia reformata et semper reformanda est” (Igreja Reformada sempre se Reformando).
Soli Deo gloria! (Glória somente a Deus).
Pr. Carlos Elias de Souza Santos
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