Existem vários tipos de perda.
A partir do momento que nascemos já começamos a perder. É-nos cortado o cordão umbilical, e
1) Perdemos o contato quase direto com a nossa mãe, éramos um só e nos tornamos dois, e daí por diante é somente uma sequência de perdas,
2) Perdemos os dentes,
3) Perdemos os cabelos,
4) Perdemos o comodismo de chorar e a comida chegar,
5) Perdemos o mundo infantil,
6) Perdemos o gosto desbravador e poderoso da adolescência,
7) Perdemos a ingenuidade,
8) Perdemos o gostinho do primeiro beijo,
9) Perdemos os trabalhos em grupo da época da escola,
10) Perdemos a irresponsabilidade, perdemos o sono, perdemos um parente, perdemos uma grande paixão, perdemos o corpinho tamanho 36, perdemos a flexibilidade, perdemos a humildade de ser aprendiz, perdemos, perdemos, perdemos...
Como lidar com a perda?
Tendo consciência do GANHO.
Se conscientizando dos ganhos! Leva tempo para notarmos que houve ganhos, mas é o tempo o melhor amigo das perdas, e a maturidade a conquista.
1) Ganhamos a individualidade,
2) Ganhamos dentes permanentes (até perdermos de novo na velhice),
3) Ganhamos as nossas verdadeiras mechas,
4) ganhamos a oportunidade de escolher nossa própria comida e quem sabe o prazer de cozinhar o que gostamos,
5) ganhamos a delícia da juventude,
6) a sabedoria e independência da fase adulta,
7) Ganhamos a maturidade, ganhamos amigos que vão nos acompanhar por toda vida onde nós marcaremos novas reuniões em grupo, ganhamos a responsabilidade, ganhamos um (a) filho (a), ganhamos lembranças permanentes e lições pra vida toda, reconquistamos a flexibilidade com a segurança adquirida, reconquistamos a humildade de saber que sempre aprendemos, ganhamos o posto de mãe, pai de avó, avô, ganhamos, ganhamos, ganhamos.
Como lidar com a perda?
Seguem-se algumas sugestões que podem ajudar nesta fase difícil :
SUPERANDO AS PERDAS - DICAS PARA VOCÊ.
1-Fale sobre sua perda e sua dor
Deixe que os outros saibam que este assunto não deve ser evitado e que lhe faz bem falar sobre isto, abrir-se com alguém de confiança, ajuda no entendimento e na aceitação. Entretanto, em algumas situações, ou com algumas pessoas, quando não quiser falar sobre o assunto, também diga isto claramente.
2-Enfrente o sentimento de culpa
Discutir este sentimento com alguém compreensivo e de confiança vai ajudar a distinguir a culpa real e irreal e, aos poucos, esta começa a diminuir. Não pode se sentir responsável por não prever os acontecimentos, ou culpa como se tivesse tido a intenção de prejudicar alguém.
3-Trabalhe os sentimentos de raiva e revolta
Estes sentimentos existem em face de uma grande perda; é importante percebê-los e expressar os sentimentos de raiva e amargura. Não adianta negá-los ou envergonhar-se deles, são normais e irão desaparecendo com o tempo e a aceitação do fato.
4-Idealização
Há uma fase em que a pessoa pensa em suas falhas como pai, mãe, filho, cônjuge, irmão, namorado ou amigo… e vê a pessoa que se foi como um ser perfeito. Com o tempo, começará a vê-la como um ser humano real, com suas qualidades e defeitos, assim como todos nós.
5-Não se isole
Mesmo que não se sinta à vontade para compartilhar seu sofrimento e prefira ficar sozinho, precisa buscar a companhia de outras pessoas. Amigos e familiares que o estimem podem ajudar muito. Não se esqueça que não está só; muitos o estimam, querem lhe dar amor e conforto, assim como precisam do seu amor e atenção. Isto consola , renova suas forças e ajuda na construção de novos objetivos e, com o tempo, a recuperar a alegria de viver. Estas pessoas podem fazer muito por você e você por elas.
6-Mudança de valores
Diante da morte ou de uma grande perda, a pessoa tende a repensar seus valores, a reavaliar seus objetivos de vida; deixar de lado coisas que anteriormente valorizava e que agora percebe que são insignificantes e/ou fúteis, e a valorizar aspectos que percebe serem realmente mais importantes.
7-“Nunca mais serei o mesmo”…
É frequente haver um grande sofrimento neste pensamento que pode ser real, mas isto não significa que nunca mais possa ser feliz. Embora esta idéia possa parecer inaceitável no período do sofrimento, as transformações podem nos enriquecer. Geralmente é isto que acontece, quando a pessoa aceita trabalhar e superar a fase de mágoa e revolta, decidindo que pode e deve viver o melhor possível.
8-Evite decisões importantes ou grandes mudanças
O primeiro ano após a perda, geralmente não é um período adequado para tomar decisões importantes ou fazer grandes mudanças, a menos que as circunstâncias o exijam. Uma pessoa amargurada tem a capacidade de julgamento diminuída. Se algumas mudanças forem necessárias e inadiáveis, peça a ajuda de alguém competente e não envolvido emocionalmente com os problemas.
9-Reserve períodos e local para lembranças
Não fique o tempo todo pensando e vendo objetos da pessoa que se foi. Coloque alguns pertences dela numa caixa ou armário, não os deixe espalhados. Tente reservar algum período específico do dia (no início), da semana ou do mês, para pensar na pessoa e no seu luto, quando também poderá rever os objetos. Evite fazer isto o resto do tempo, pois nada de bom e útil se consegue com a tristeza contínua. Para algumas pessoas isto não é fácil de conseguir, mas é necessário à sobrevivência e recuperação.
10-Prevendo dias e datas difíceis
Estes dias especiais geralmente envolvem datas de aniversário, Natal, passagem de ano, Páscoa e outros, onde a falta da pessoa se faz mais presente. Planeje passá-los com amigos ou familiares, pois é provável que fique mais triste, choroso e deprimido que em outras ocasiões. Não se isole, é bom que esteja em companhia de pessoas que o estimem.
11-Creia em Deus e na vida eterna
É importante saber que pudemos desfrutar da companhia de algumas pessoas especiais, mesmo que por breve tempo, que nos deixam muita saudade… Só se tem saudade daquilo que foi muito bom... Melhor ainda é crer e confiar, que aqueles que têm Jesus no seu coração e o aceitaram como seu Salvador pessoal, têm a vida eterna. Creia nesta verdade e ore para que seus parentes também aceitem e confiem nesta verdade.
12-Culpa por sentir-se bem
Não lute para continuar sendo ou parecendo infeliz. Perceba que sentir-se contente, ter novos objetivos, não é deslealdade nem significa que não ama ou está esquecendo o ente querido. Conseguir prazer em algo significa que está trazendo um pouco de alívio ao seu sofrimento; retomando ou recomeçando a construir sua vida. Procure investir em seu bem estar, engajando-se em atividades produtivas e que lhe são agradáveis, e poderá tornar sua vida melhor ainda do que antes, se aprendeu algo com o acontecido, se cresceu com o sofrimento e compreensão do que é realmente mais importante na vida.
13-Reajuste-se à vida e ao trabalho
Tirar alguns dias ou semanas para reequilibrar-se e, depois, uma folga ocasional, quando necessário, é perfeitamente normal. Mas as atividades devem ser retomadas assim que for possível, pois são importantes no processo de recuperação, mas a inatividade prolongada faz as pessoas repetirem ou prolongarem a fase depressiva sem nenhum benefício. É importante utilizar um pouco da sua energia em uma atividade que possa ajudar outras pessoas e/ou instituições, saindo um pouco de seu pequeno mundo e percebendo a importância e bem estar que traz amar e ajudar ao próximo, de conseguir tornar outros um pouco mais felizes e menos carentes física e psicologicamente.
14-Liberte-se de expectativas irreais
Acreditar que a vida deveria ser diferente, não envolvendo escolhas dolorosas, sofrimentos e perdas é irreal e só traz revolta, o que só prejudica.
15-Integrando a perda
As pessoas não “têm” que ser “vítimas”, qualquer que seja a perda, por pior que tenha sido. Situações de muito sofrimento podem ser transformadas em aprendizado. É preciso deixar de lado as perguntas centradas no passado (que é imutável) e no sofrimento (“Por que isso aconteceu comigo”?) e começar a fazer perguntas que abrem as portas para o futuro:- “Agora que isto aconteceu o que posso e devo fazer? O que posso aprender com isto? O que posso fazer para Ser e sentir-me melhor?” Geralmente quando chegamos à fase da aceitação, atingimos a compreensão e crescemos com a experiência, a dor se vai.
16-Pesar excessivamente longo
Quando um sofrimento excessivo consome alguém por mais de um ano, geralmente o problema principal não é a perda em si, mas algum outro aspecto que precisa ser entendido. Muitas vezes isto ocorre quando havia uma dependência excessiva em relação à pessoa que se foi, quando a culpa por algum motivo é um componente muito forte na situação, problemas emocionais pessoais ativados ou reforçados pela perda ou outras razões significativas. Amigos, conselheiros ou um psicólogo podem ser necessários neste caso.
17-Procure ajuda profissional, se necessário.
A maioria dos que procuram ajuda de psicoterapeuta não são doentes mentais, são pessoas comuns enfrentando problemas, passando por uma crise e muitas delas sofrendo uma perda. Um profissional da área é alguém com quem você pode dividir seu sofrimento, sua revolta, seu medo, suas lembranças dolorosas, sua culpa e seus conflitos; que pode compreendê-lo e ajudá-lo.
No início do pesar, uma das formas mais comuns de manifestar o sofrimento é resistir a crescer com ele. A vida pode ser prejudicada ou fortalecida por uma perda. Ninguém permanece o mesmo. Cada situação é única e só a própria pessoa pode buscar e encontrar respostas relativas ao “outro eu” e à outra vida que vão emergir.
Cada pessoa decide se vai ou não crescer com essa experiência dolorosa, e quando.
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