SEJA UM 'CRENTE'!

SEJA UM "CRENTE"!
“E logo disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente..." (João 20.27).

Texto: João 20.19-28

INTRODUÇÃO

Uma semana depois da ressurreição de Jesus acontece o encontro de Tomé com o Mestre. É nessa ocasião que Jesus ordena que aquele discípulo seja um crente.

Ser crente não é ser de uma denominação ou igreja evangélica.

O crente é aquele que crê. Mas por que Tomé levou tamanha repreensão? O importante é descobrir que qualquer um de nós poderia cair no erro de Tomé. Vamos ler o texto:

Leiamos...

19 Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.
20 E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
22 E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
23 Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos.
24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
25 Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei.
26 E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.
27 Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente.
28 E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!
29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.
João 20:19-29

Devemos ao Evangelho de João a maior parte das informações bíblicas que temos acerca desse que é conhecido como o discípulo da incredulidade. Sua eleição apostólica também está registrada nas passagens sinópticas de Mateus 10 e paralelas.

O termo hebraico Tomé significa Gêmeo, assim como a palavra grega Dídimo, pela qual o apóstolo também era chamado (Jo 11.16, 20.24, 21.2).

A passagem de João 21.1-4, onde o vemos pescando no Mar da Galiléia, em companhia de Pedro, Natanael e dos filhos de Zebedeu, durante a terceira aparição do Cristo ressurreto, sugere que Tomé também exercia esse ofício, tradicional dos moradores daquela região.

Vejamos a opinião do Dr. McBirnie a respeito das características pessoais desse discípulo.

"As escassas referências bíblicas que o destacam dentre os Doze parecem indicar um homem questionador e incrédulo.(...) Tomé possuía uma natureza que continha em si mesma certos elementos conflitantes e excessivamente difíceis de serem conciliados: uma peculiar vivacidade de espírito e, concomitantemente, uma inclinação natural que o fazia, com frequência, enxergar a vida sob uma perspectiva de frieza e desalento. Ainda assim, Tomé era um homem de coragem indomável e de traços marcantemente altruístas."*

*(FONTE: Citado em: Doze homens e uma missão / Aramis C. De Barros. - Curitiba : Editora Luz e Vida, 1999. Pg. 205).

Quem ele foi?

- Apóstolo, Mártir e Dídimo

- Nascimento? Em Galileia, Palestina! Quem sabe?

- Morte d.c. 72, acredita-se que próximo a Madras (Índia).

O fato histórico marcante é o Principal templo: Basílica de São Tomé (Chennai, Índia).

A Basílica de São Tomé é uma basílica católica que fica em Chennai, na Índia. Acredita-se que a basílica tenha sido construída sobre o túmulo do apóstolo São Tomé.

A cristianização da índia por Tomé — ou Judas Tomé, como algumas lendas o chamam — é atestada por manuscritos antigos como

O Ensino dos Apóstolos (Didascalia Apostolorum), composto entre o fim do segundo e início do terceiro século.

"A índia e todas as regiões a ela pertencentes, assim como suas adjacências até o mais distante mar, receberam a ordenação apostólica do sacerdócio de Judas Tomé, que se tornou o guia e o líder da Igreja ali estabelecida, na qual ele mesmo ministrou."

(FONTE: Citado em: Doze homens e uma missão / Aramis C. De Barros. - Curitiba : Editora Luz e Vida, 1999. Pg. 212-213).

No catolicismo Tomé é o padroeiro de arquitetos e da Índia, entre outros. É reconhecidamente o padroeiro dos arquitetos porque a Arquitetura não pode lidar com meias certezas.

Algumas coisas nós aprendemos dessa situação vivida por Tomé:

1.  Duvidou porque não estava com os discípulos na reunião. Ele estava AUSENTE!

“Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus”. (v.24)

Tomé não estava presente durante a primeira aparição de Jesus aos discípulos. Infelizmente, essa ausência custou ao apóstolo o ônus da descrença, até então experimentada por cada um de seus companheiros.

Mas, por onde andaria Tomé quando algo tão importante se sucedia em sua pequena comunidade? Sua ausência é registrada nas Escrituras (Jo 20.24), mas não justificada já que, para um discípulo de Cristo, vagar pela alvoroçada Jerusalém naquele momento era algo que envolvia certo risco. Basta consi­derar a delicada situação em que Pedro se viu envolvido poucos dias antes (Mt 26.58, 69-75), ao seguir seu Mestre à distância, até as cercanias da casa de Caifás, onde se dava o julgamento. O fato de o simples sotaque galileu ter imediatamente despertado contra ele suspeitas de cumplicidade com o acusado, demonstra bem o clima de hostilidade a que os seguidores de Jesus, de maneira geral, estavam sujeitos naquela ocasião.

Se Tomé ausentou-se do refúgio a despeito de todo risco que isso impli­cava, é certo que teve razões para fazê-lo. Primeiramente, pode-se presumir uma crise interior enfrentada pelo apóstolo, diante do desmantelamento de sua estrutura emocional, em face da frustração de suas expectativas. E provável que o choque daquela realidade inusitada tenha requerido de Tomé algumas horas ou mesmo dias de isolamento, na busca de uma reflexão que emprestasse sentido a tudo aquilo que subitamente lhe sucedera. O peso dos anos investidos em seguir Aquele sobre quem depositara sua esperança e seus projetos de futuro, pode ter despencado com todo vigor sobre Tomé naquele momento. Daí a busca por um momento de solitude.

Quaisquer que tenham sido as razões que justificaram sua saída, o fato é que nosso apóstolo não presenciou o glorioso momento na manifestação de Cristo a seus companheiros naquele domingo. Não testemunhou Suas pisaduras, nem tampouco pode ouvir as explanações sobre as profecias que nEle se cumpriram. A partir daquela tarde, todos os que compunham o círculo íntimo de Jesus, de um modo ou de outro, já O haviam contempla­do ressuscitado. Exceto Tomé.

A incredulidade começa com o afastamento. A falta de fé começa com a falta de comunhão com a igreja. Pense em quantas pessoas deixaram de ter o mesmo sentimento, a mesma fé, a mesma visão do que Deus está fazendo na igreja porque deixou de se reunir com a igreja. Se Tomé estivesse com os outros discípulos na primeira reunião, no domingo da ressurreição, ele não teria passado uma semana duvidando. Pense nisso!

Oito dias após a primeira aparição (Jo 20.26), Jesus torna a manifestar-se aos Seus ainda temerosos aprendizes. Na ocasião, Tomé foi, por fim, con­frontado com a amargura de sua descrença.

2. ELE DUVIDOU PORQUE PREFERIA O “VER PARA CRER”.

"(...) Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo, e não puser a minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei."  (Jo 20.25).

Para certificar-se de que não seria mais uma vítima dessas armadilhas sensoriais, nosso apóstolo estabelece alguns critérios práticos. Para ele, não bas­taria a simples contemplação do Ressurreto, mas a constatação tátil dos ferimentos de Sua cruz, causados de maneira inconfundível pelo suplício que o apóstolo provavelmente testemunhou (conf. Lc 23.49). Até mesmo o mórbido detalhe da perfuração pela lança do centurião, por sob as costelas de Jesus, não deveria ser esquecido.

É isso que fica muito claro. Na verdade hoje em dia chamar alguém de “Tomé” é a mesma coisa de chamar alguém de desconfiado. Algumas pessoas são mais céticas do que outras. Faz parte da natureza delas. Algumas se tornaram assim por causa de experiências do passado. São “gatos escaldados”. Parece que Tomé era assim porque ele não guardou o seu ceticismo somente para si, mas desafiou os outros discípulos.

“Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente”. (v.27).

3. ABONDONAR A INCREDULIDADE É O PROPÓSITO DE DEUS PARA OS QUE AINDA DUVIDAM.

“...e não sejas incrédulo, mas crente”. (v.27)

“E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu”! (V.28)

João registra essa situação com alguns propósitos.

- Primeiro porque era necessário que os leitores do seu evangelho soubessem que Jesus Cristo ressuscitou corporalmente e não apenas espiritualmente. Havia algumas pessoas que estavam ensinando que Jesus não havia ressuscitado fisicamente e esse episódio serviu para tirar essa dúvida.

“Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado...” (v.27)

-Em segundo lugar, era preciso ensinar que é preciso crer sem ver. Os discípulos que viriam nos séculos vindouros seriam assim: crentes sem ver.

“Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”. (João 20.29)

“Porque andamos por fé, e não por vista”.  (2 Coríntios 5.7).

-Finalmente a declaração de Tomé foi fundamental: declarar que Jesus é Deus.

A forte repreensão dirigida a Tomé produziu, contudo, "frutos dignos de arrependimento". O efeito sobre ele foi imediato e a convicção espiritual detonada pela remoção da dúvida - pelo menos naquele momento -tornou-se mais profunda e vigorosa que em qualquer um dos demais discípulos. As palavras com as quais Tomé expressa seu júbilo e sua confiança no Cristo Ressurreto estão impregnadas de um conteúdo teológico, até então, jamais encontrado em lábios apostólicos (Jo 20.28).

"Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!"

4. NUNCA PERMITA QUE O SEU CETICISMO SE TRANSFORME EM INCREDULIDADE.

O ceticismo não é de todo mal. Acreditar em tudo que você ouve por aí é perigoso!

A Bíblia mesmo diz que nós não devemos crer em tudo que se fala, até mesmo na igreja!

Veja o que diz 1João 4.1 “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”.

Lembra-se dos Bereanos?

“E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus.

Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.

De sorte que creram muitos deles, e também mulheres gregas da classe nobre, e não poucos homens”. (Atos 17:10-12).

Examinaram a verdade dispostos a crer e a aceitar a verdade.

Não devemos deixar que o ceticismo se torne em incredulidade. Foi isso que Jesus disse para Tomé, é isso que ele diz para nós hoje.

5. A CURA PARA NOSSA INCREDULIDADE ESTÁ EM CRISTO.

Quando Jesus aparece aos discípulos, ele vai direto a Tomé. Ele pede a Tomé que pegue a sua mão e toque nas suas feridas.

Era a hora da verdade.

Tomé, tanto quanto os demais, permanecia em suspenso e repleto de indagações acerca do futuro de seu discipulado, embora já não mais tivesse qualquer dúvida sobre o cumprimento das Escrituras no sofrimento, morte e ressurreição de seu Mestre. Essas asseverações teológicas, entretanto, não pouparam Tomé e seus amigos da incômoda expectativa que se seguiu às primeiras duas aparições de Cristo. De tal sorte que, durante o intervalo entre a ressurreição e a ascensão, lá estavam eles, de volta ao exercício de sua antiga profissão às margens do Mar da Galiléia. Estariam eles apenas se ocupando enquanto aguardavam a prometida manifestação de Jesus por aquelas bandas (Mt 28.7, Mc 16.7)? Ou seria, antes, um sinal de desânimo e retorno à velha rotina, face às perturbações de um apostolado incerto?

O que quer que tenha motivado o retorno dos discípulos ao seu antigo ofício na Galiléia, o fato é que as aparições do Ressurreto, tanto na Judéia quanto na Galiléia, principiaram um tempo de transformação profunda no entendimento dos onze, especialmente no que se refere ao comprometimento do discipulado; tanto que, pouco depois, os encontramos novamente congregados na Judéia, sobre o Monte das Oliveiras, atentando às instruções que precederam a ascensão do Senhor.

O tremendo impacto exercido por esse episódio sobre o coração de Tomé e seus companheiros foi registrado por Lucas, ao final de seu Evangelho.

"E aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu. Então eles, adorando-o, voltaram para Jerusalém, tomados de grande júbilo; e estavam sempre no templo, louvando a Deus."  (Lc 24.51-53).

Tomé tem a sua incredulidade destruída. Mas isso não se concretiza sem duas coisas fundamentais. Ele reconhece o senhorio de Jesus. Tomé se tronou crente!


Do Medo para a Coragem.

Ao longo do século XVI, os exploradores portugueses à índia, ao inqui­rirem os nativos visando investigar as lendas acerca do suplício de Tomé, resgataram algumas importantes versões sobre o caso, como nos conta o então missionário Diogo Couto (citado em The Search for the Tivelve Apostles, p. 160):

"Os brâmanes, enfurecidos após serem desacreditados diante do rei pela virtude de São Tomé, se dispuseram a matá-lo. Sabendo que o apóstolo se encontrava em uma caverna nas proximidades da Pequena Montanha (que, ao tempo de Tomé era conhecida como Antenodur), concentraram-se próximos à escarpa do morro, onde se achava um estreito orifício, através do qual a caverna recebia um pouco de luz. Observando pelo pequeno bura­co, enxergaram o apóstolo orando, com seus olhos fechados e prostrado sobre seus joelhos. Encontrava-se de tal maneira tomado por um profundo êxtase espiritual que parecia desfalecido. Os brâmanes, então, atiraram uma lança pelo orifício a qual, atingindo o apóstolo, feriu-o mortalmente(...). O ferimento causado pela penetração do dardo aprofundou-se por cerca de meio palmo no corpo de Tomé. Quando ouviram seu gemido, os assassinos fugiram. Tomé, pois, em sua agonia de morte, arrastou-se desde a caverna até o chamado Grande Monte onde, finalmente, expirou."

Conclusão

Que todos os dias confrontemos as nossas dúvidas, o nosso ceticismo e incredulidade indo diretamente a Jesus Cristo e buscando nele as marcas do seu sacrifício por nós; reconhecendo nele o Senhor de nossas vidas e o Deus encarnado que morreu na cruz por nós.

Amém!

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