O PODER DO PERDÃO




O PODER DO PERDÃO*

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

Essas são as primeiras palavras de Jesus na cruz, proferidas para Deus. Esse pedido de Jesus é uma resposta a tudo quanto foi proferido em sua direção.

DO HOMEM EM DIREÇÃO A JESUS: O PIOR.
- Aquele por quem o mundo foi feito veio ao mundo, mas o mundo não o conheceu.
- O Senhor da Glória tinha tabernáculo entre os homens, mas não foi desejado.
- No dia do seu nascimento não houve nenhum quarto na hospedaria
- Pouco tempo após seu nascimento o seu Rei procurou matá-lo
- Repetidas vezes seus inimigos tentaram e maquinaram sua destruição
- Julgado pelo seu povo o veredicto foi: Crucifica-o
- Uma cruz o aguardava: O salvador seria pregado nela.

DE JESUS NA DIREÇÃO DO HOMEM: O MELHOR.
- Na cruz foi pendurado em silêncio.
- Ao abrir seus lábios não clama por piedade
- Ao abrir seus lábios não pronuncia maldições
- Ao abrir seus lábios Ele está orando
- Ele decide perdoar os seus inimigos

“...Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)
Jesus inicia seu ministério terreno orando:
E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, ORANDO ELE, o céu se abriu”. (Lucas 3.21).
Jesus está terminando seu ministério terreno orando.  (Lucas 23.34).
Certamente Ele nos deixou aqui um grande exemplo.
“...pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o EXEMPLO, para que sigais as suas pisadas”.  (1 Pedro 2.21).

No momento em que Jesus estava de pés e mãos atados, com sua atuação ministerial bastante limitada, Ele decidiu mesmo diante dessas limitações, manter um ministério abrangente.

O que aparentemente estava tornando o ministério de Jesus bastante LIMITADO?

LIMITAÇÕES:
- Suas mãos estavam pregadas, não poderiam ministrar aos doentes
- Seus pés estavam pregados, não poderiam movê-lo no exercício da misericórdia
- Os discípulos fugiram, não estavam ali, Ele não poderia lhes dar instrução e nem mesmo contar com eles.
Como ainda exercer seu ministério diante de tamanha LIMITAÇÃO?
Jesus dedicou-se naquele instante AO MINISTÉRIO DA ORAÇÃO.  A sua última lição deixada, diante de toda a sua limitação física, alcança a todos nós.

O MINISTÉRIO DA INTERCESSÃO
Penso hoje, que essa lição precisa alcançar aqueles que, por razão de doença, ou mesmo idade, não se sentem mais capazes de trabalhar na obra do Senhor. São ex-professores, ex-pregadores,  ex-distribuidores de folhetos; que agora estão em casa, as vezes cansados, enfermos, ausentes da vida da comunidade da igreja local, quem sabe Deus esteja convocando cada um de vocês a se engajarem no ministério da oração.  Quem sabe, você poderá realizar mais através deste ministério, do que realizou por toda a sua vida.
Neste ministério aprendemos que não há limites para Deus:
NADA ESTÁ ALÉM DO ALCANCE DA ORAÇÃO.

Cristo nos ensinou que podemos orar:
- Por nossos inimigos
- Por aquele homem de coração duro
- Por aquela mulher de sentimentos frios
- Por aquele filho obstinado
Aprenda a orar sabendo que nada está além do alcance da oração.

Cristo nos ensinou sobre a EFICÁCIA DA ORAÇÃO.
Sua intercessão na cruz, recebeu resposta marcada e definida. A resposta está na conversão das três mil almas no dia de pentecostes.
Jesus orou por eles: “

“...Pai, perdoa-lhes, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM”. (Lucas 23.34)

Veja o que Pedro disse sobre os que estavam presentes no dia de Pentecoste:
“E agora, irmãos, EU SEI QUE O FIZESTES POR IGNORÂNCIA, como também os vossos príncipes...que o Cristo havia de padecer”.  (Atos 3.17,18)

Certamente a explicação divina para a conversão destes que “fizeram Jesus Cristo padecer por total ignorância”, está no poder da oração perdoadora de Jesus: “Pai, perdoa-lhes”.

Percebemos que o perdão é uma parte importante no plano de Deus, e o nosso Deus usou o seu filho na cruz, para tornar o seu perdão ainda mais conhecido.

I - O PERDÃO COMO CUMPRIMENTO DA PALAVRA PROFÉTICA.

Foi predito na escritura que o Salvador deveria:
“Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, E INTERCEDEU PELOS TRANSGRESSORES”. (Isaías 53.12)

A oração de Jesus poderia se manifestar com conteúdos dos mais diversos: gratidão, louvor e tantos outros. Seu conteúdo foi de perdão.
A oração e o perdão são partes do plano de Deus para as nossas vidas.

Alfred Poirier, em seu livro O Pastor Pacificador diz o seguinte:

“O perdão não pode ser gerado em uma sala de aula ou no consultório do terapeuta, por meio de mera sabedoria humana, técnica ou esforço. É algo sobrenatural, algo milagroso. O perdão é dom e obra divina. É PARTE DA RESTAURAÇÃO DO COSMOS PELO MESSIAS”.  (Pg. 147).

II – O PERDÃO DIANTE DO PECADO E DA CULPA.

A questão do pecado e da culpa e consequentemente do perdão, precisam ser interpretados a luz do Velho Testamento:

“15 Se alguém cometer uma transgressão, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor, como a sua oferta pela culpa, um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para oferta pela culpa.
16 Assim fará restituição pelo pecado que houver cometido na coisa sagrada, e ainda lhe acrescentará a quinta parte, e a dará ao sacerdote; e com o carneiro da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele, e ele será perdoado”.   (Levítico 5.15,16)

24 será que, quando se fizer alguma coisa sem querer, e isso for encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, juntamente com a oferta de cereais do mesmo e a sua oferta de libação, segundo a ordenança, e um bode como sacrifício pelo pecado.
25 E o sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e eles serão perdoados; porquanto foi erro, e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao Senhor, e o seu sacrifício pelo pecado perante o Senhor, por causa do seu erro.   (Números 15. 24-25)

O Pecado é sempre pecado aos olhos de Deus. Quer tenhamos consciência dele ou não, pecado é sempre pecado.
PECADOS COMETIDOS POR IGNORÂNCIA PRECISAM DE EXPIAÇÃO TANTO QUANTO PECADOS CONSCIENTES.

A. W. Pink, em seu Livro “Brados do Salvador na Cruz” diz que:

“Deus é Santo, e Ele não rebaixará seu padrão de justiça ao nível da nossa ignorância. Ignorância não é inocência…Nós não temos desculpas pela nossa ignorância”.  (pg.19).

Cada um de nós é Indesculpável diante de Deus.
“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,
pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis”.  (Romanos 1:18-20).

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam”. (Atos 17.30).

Compreenda que é o alto padrão de Deus através de uma expiação suficiente e infinita que nos limpa de todo o pecado: “...O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. (1 João 1.7).

III – PERDÃO: ENSINO DE FORMA PRÁTICA PELO EXEMPLO DO AMOR.

“Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem”. (Mateus 5.44).

Cristo praticou o que Ele pregou. Foi sobre a Cruz que Cristo exemplificou com sua vida o que havia ensinado no sermão do monte.
Veja que não há uma orientação direta de Jesus pedindo para que seus discípulos perdoassem seus inimigos, e sim, de que amassem os inimigos e pelos perseguidores orassem.

A escritura ensina que sob todas as circunstâncias devemos perdoar sempre?

Respondo enfaticamente: Não! A Escritura não ensina isso.

“Tomem cuidado. "Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe.
Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: ‘Estou arrependido’, perdoe-lhe". Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé! "  (Lucas 17.3-5).

Aquele que realizou uma ofensa, cometeu pecado, precisa se arrepender. O ofensor precisa julgar a si mesmo por seu erro, dar evidências de sua tristeza por causa do erro. E se ele não se arrepender? Sou orientado a orar por ele e amá-lo, sem, contudo, oferecer o meu aval para que continue no seu pecado sem que haja por parte dele arrependimento.

Que ninguém confunda o que dizemos aqui. Mesmo que um ofensor não se arrependa, todavia não devo abrigar sentimentos ruins contra ele. Não devemos incentivar ódio ou malícia. Isso também não significa, que eu trate o ofensor como se ele não tivesse cometido nenhum erro. Isso é fechar os olhos ao pecado, e não abrir a possibilidade de haver justiça ou justificação. “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o”. Isso fará sobressair a justiça.

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche dirigiu críticas mordazes contra as virtudes cristãs, particularmente contra o perdão. Ele acusou os cristãos de difundir uma mentira por chamar fraqueza de “virtude” e a submissão servil de “humildade”, e por chamar a raiva reprimida ou o apaziguamento covarde pelo nome de “perdão”.(1)

Deus alguma vez disse na escritura perdoaria alguém em quem não houvesse arrependimento? Não! A Escritura não diz que Deus perdoa alguém que não se arrependeu.

“Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós”. (1 João 1.8-10).

Por isso o exemplo de Jesus tem grande valor: Jesus orou por seus inimigos.
“...Pai, perdoa-lhes, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM”. (Lucas 23.34)

Após a oração de Jesus, tempos depois Pedro disse sobre os que estavam presentes no dia de Pentecoste:

“E agora, irmãos, EU SEI QUE O FIZESTES POR IGNORÂNCIA, como também os vossos príncipes...que o Cristo havia de padecer”.  (Atos 3.17,18)

A ignorância deles, não os isentou do seu arrependimento. Deus insistiu no arrependimento de cada um deles.

“ARREPENDAM-SE, POIS, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados,
para que venham tempos de descanso da parte do Senhor, e ele mande o Cristo, o qual lhes foi designado, Jesus”.  (Atos 3. 19,20).

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam”. (Atos 17.30).

Se um ofensor não se arrependeu, faça como Jesus, ore por Ele, e peça para que o Espírito Santo o convença do pecado, da justiça e do Juízo. (João 16.8)

IV – PERDÃO: NECESSIDADE PRIMÁRIA DO HOMEM

A lição mais importante a aprender é que somos pecadores, e que como tais, somos inaptos para a presença de um Deus Santo.

Se a questão do pecado não for resolvida, nada adianta, ideais nobres, boas resoluções, regras excelentes. É de nenhum proveito tentar desenvolver um belo caráter para buscar aprovação de Deus, sem ter praticado o arrependimento para o perdão dos pecados.

De nada servirão sapatos, se não temos pés. De nada servem óculos, para olhos que não podem ver.

A questão do perdão dos meus pecados é fundamental.

Posso ser respeitado em meus negócios, ou mesmo pelo círculo de amigos, se ainda sou um transgressor não arrependido diante de Deus isso de nada me adianta.

Jesus quando tratou desta questão com os fariseus disse o seguinte:

“E ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação’. (Lucas 16.15).

João Calvino, em sua obra “A Instituição da Religião Cristã” faz um comentário interessante sobre esse texto:

“Quando Cristo reprova os fariseus por se justificarem a si mesmos (Lc 16.15), não quer dizer que eles adquiriam justiça agindo retamente, mas que, com ambição, procuravam ser reconhecidos por uma justiça de que estavam vazios”. (p.194).

O caminho para Deus nunca será a auto justificação, ou mesmo uma justificação por méritos ou comportamento, o caminho para Deus é o arrependimento para perdão dos pecados. Essa é a justiça de Deus.

A questão aqui é ter a certeza: os meus pecados foram ou não expurgados pelo sangue de Cristo?

Para saber se seus pecados, foram ou não expurgados, você precisa ter a convicção de que já se arrependeu deles. Se você já se arrependeu deles e já os confessou na Cruz de Cristo, lembre-se que esses pecados, não devem estar mais em você.

“...porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo”. (2 Pedro 2.19).

Um homem que está na prática do adultério, só se arrepende do Adultério, quando decide não viver mais nele.

Um homem que está na imoralidade sexual, só se arrependeu dela, quando de fato decidiu não ser mais um escravo dela.

Isso sim é arrependimento, isso sim é Alcançar o Perdão de Deus.

QUER SER PERDOADO?
Arrependa-se. Dê meia volta nesta direção errada que você está, e siga na direção da Cruz de Cristo.
Quer ser perdoado?
Creia no Evangelho. “ Dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho. ”. (Marcos 1.15)


Como podemos obter o perdão para os nossos pecados?
Qual é o fundamento pelo qual um Deus Santo perdoará os pecados?
Há uma diferença entre perdão humano e perdão divino.

Em regra geral, o perdão humano é uma questão de complacência, frequentemente de frouxidão. Queremos dizer que o perdão é mostrado à custa da justiça e da retidão. Na corte humana da lei, o juiz tem de escolher entre situações: Justiça ou Misericórdia.

- Quando se prova que alguém no banco dos réus é culpado, o juiz deve aplicar a penalidade da lei – uma é a justiça, a outra é misericórdia. Podendo a corte humana, por sua natureza decadente ainda cometer uma outra injustiça.

A única forma possível na qual o juiz pode tanto aplicar os requerimentos da lei e ainda mostrar misericórdia ao ofensor é uma terceira parte oferecer sofrer em sua pessoa A PENALIDADE que o condenado merece.

Assim aconteceu no conselho divino. Deus não exerceria misericórdia à custa da justiça. Ele, como o Juiz de toda terra, não colocaria de lado as demandas de sua santa lei. Todavia, Deus mostraria misericórdia. Como? Por intermédio de um que satisfaria plenamente sua lei violada. Por intermédio do seu próprio filho, tomando o lugar de todos aqueles que creem nele, carregando os seus pecados naquela cruz.

Deus pode ser justo e ao mesmo tempo misericordioso, misericordioso e justo. Foi assim que a graça reinou pela justiça.

“Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor”. (Romanos 5.21).

Um fundamento justo tinha sido fornecido sobre o qual Deus poderia ser justo e ainda justificador de todo aquele que crê. 

“Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. (Romanos 3.26)

“E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos,
E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão (PERDÃO) dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. ”.  (Lucas 24:46,47).

“Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê”. (Atos 13:38,39).

Há oração de Jesus, não é uma oração vazia de essência e conteúdo, Não é mesmo!

A oração de Jesus é revestida de poder e de sentido: “ Pai perdoa-lhes”.

Sua oração é revestida do seu sangue derramado, do seu sacrifício expiatório: “...sem derramamento de sangue não há remissão (Perdão) ”. (Hebreus 9:22)

Quando Cristo pediu perdão para os seus inimigos, ele providenciou o atendimento de uma necessidade primária deles.

Graças a oração e ação (o sacrifício) de Jesus, nós temos:
“...a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”, (Colossenses 1.14).

V – PERDÃO: O TRIUNFO DO AMOR REDENTOR.

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

“Pai perdoa-lhes”. Esse foi o triunfo do amor redentor.
“O amor é sofredor, é benigno... tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.  (1 Coríntios 13:4 e 7).

Quando Sansão viu chegar a hora de sua morte, ele usou uma última vez sua grande força para fazer justiça contra seus antagonistas.

Quando o Senhor Jesus viu chegar a hora de sua morte, ele usou a grande força de seu amor decidindo buscar o perdão para os seus inimigos.
Graça sem igual!

Na raça humana, a morte quase sempre espelha a nossa humanidade caída.

Vejam Estevão:
“E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, RECEBE O MEU ESPÍRITO.
E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, NÃO LHES IMPUTES ESTE PECADO. E, tendo dito isto, adormeceu”. (Atos 7.59,60).
O primeiro pensamento de Estevão:
- Orou por si mesmo – “Recebe o meu espírito”.
-Depois, num segundo plano:
- Orou pelos seus inimigos – “Não lhes imputes este pecado”.

Vejam a morte de Jesus na Cruz do Calvário:
O primeiro pensamento:
- “Pai Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Pensou primeiro nos seus inimigos.
No último plano, após pronunciar seis outras expressões:
- Orou por si mesmo: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou”. (Lucas 23.46).

Graça sem igual é graça concedida por Jesus.

Continuando, O QUE PODERIA TORNAR A PODEROSA E MISERICORDIOSA ORAÇÃO DE JESUS UMA ORAÇÃO TERRÍVEL?

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque NÃO SABEM O QUE FAZEM”. (Lucas 23.34)

Aqueles que crucificaram Jesus não sabiam o que estavam fazendo.
Quantos, porém, hoje estão conscientemente negando a Jesus.  Fiquem avisados, estes tais, que estão em grande perigo. Se conscientemente damos as costas a Jesus, o único que nos pode salvar, nosso destino já está escrito:

“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”.  (Hebreus 10:26,27).

O conhecimento da verdade deve ser interpretado, como o estágio exato em que, já nos foi anunciado a Cristo e sua obra de expiação por nós, nossa confrontação para arrependimento já aconteceu, e no momento em que decidimos praticar nossas ações temos luz e discernimento para não cometer tal pecado, contudo, decidimos de forma deliberada e consciente pelo pecado e de forma voluntária fazemos a opção pela permanência nele”. 

Traduzindo: Conscientemente a pessoa decidiu por dar as costas a Jesus, recusando praticar o arrependimento dos pecados que lhe poderia abrir a porta para a Salvação.  Para tal ser uma coisa é certa: “uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”.

Compreendamos, uma vez por todas, como funciona a inteireza do perdão divino:

“...entrou UMA VEZ no santuário, havendo efetuado uma ETERNA redenção”. (Hebreus 9:12).

Quantos ainda ficam intranquilos e perturbados, pois entendem que os pecados que cometeram antes de receberem a Cristo foram perdoados, mas amiúde não estão livres de dúvidas a respeito dos pecados que cometem após terem nascido de novo.

Alguns acreditam que podem pecar de uma forma que os coloque além do perdão de Deus, Pensam que o sangue de Jesus trata apenas do seu passado. Acreditam, que do presente e do futuro eles precisam cuidar por si mesmos.

Pessoas assim estão em constante conflito, pois não conseguem entender o que significa o Perdão concedido por um Deus Eterno.

Agostinho, em suas ‘Confissões” retrata com grande clareza o seu desejo por compreender essa redenção eterna:

“De que modo ensinais as coisas futuras, ó Senhor, para quem não há futuro? Ou antes, de que modo ensinais algumas coisas presentes acerca do futuro? Pois o que não existe também não pode, evidentemente, ser ensinado! Este modo misterioso está demasiado acima da minha inteligência. Supera as minhas forças. Por mim não poderei atingi-lo. Porém, o poderei por Vós, quando me concederdes, ó doce luz dos ocultos olhos da minha alma”. (Pg. 301)

Se o perdão que temos não é eterno, que valor ele tem então? Se o perdão não é para o presente, passado e futuro, de que nos serve então?

MAS DE QUE VALOR SERIA UM PERDÃO QUE PODE SER TIRADO DE MIM A QUALQUER MOMENTO? 

Qualquer ignorante perceberia que tal atitude seria tudo, menos Perdão.
Certamente não pode haver nenhuma paz estabelecida quando minha aceitação para com Deus e a minha ida ao céu são feitas dependentes do meu agarrar-se a Cristo, ou da minha obediência e fidelidade. É exatamente nesses quesitos que já falhamos, e justificadamente por causa disso, Cristo veio para ser sacrificado.

Bendito seja Deus, que com seu perdão cobre nossos pecados – no passado – no presente e no futuro.

No dia em que Cristo morreu por mim na cruz (passado), meus pecados não eram pecados ainda por vir? (Futuro). Sim, Cristo, no passado, morreu por meus pecados futuros, que no meu caso, já ficaram no passado. Quando Jesus morreu por mim, eu ainda não havia nascido, sequer havia cometido pecado algum.  Cristo levou os pecados – “presentes”, “passados” – e “futuros”.

Os cristãos são bem-aventurados, são um povo perdoado: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não IMPUTA o pecado. (Romanos 4:8).

Se o crente está em Cristo, ali no lugar onde ele está, em Cristo, o pecado nunca será imputado novamente. Se eu estou em Cristo, estou eternamente e complemente perdoado.

“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, (DEUS) vos vivificou juntamente com ele (CRISTO), perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”. (Colossenses 2.13,14).

Minha união com Cristo está conectada com o meu perdão divino. São irretratáveis e inseparáveis.

Minha vida está “escondida em Cristo”.
“... e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.(Colossenses 3:3).

É por isso que eu estou para sempre fora do lugar da IMPUTAÇÃO do pecado, onde as penas da lei pesavam contra mim. Deus me tirou desse lugar de imputação e me escondeu em Cristo. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. (Romanos 8:1).

Nenhum pecado, nem ninguém, poderá mais levantar acusação contra os escolhidos e eleitos em Deus:
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, E TAMBÉM INTERCEDE POR NÓS. (Romanos 8:33,34).

Jesus Cristo ainda hoje intercede por nós. Sua prece é buscando nosso perdão divino. Sua vida e morte foi para que alcançássemos o pleno arrependimento.

É com este perdão que Cristo nos perdoou, e não com sacrifícios feitos por mãos de homens.

REFERÊNCIAS.

(1) - (Friedrich Nietzche, Ecce Homo. Trad. Walter Kaufmann, New York: Vintage Books, 1989.). (Citado em POIRIER, Alfred. O Pastor Pacificador, Pg. 140. Alfred Poirier). [Ecce homo é uma das obras mais controversas de Nietzsche, publicada em meio ao agravamento de sua doença e transtorno mental].

PINK, Arthur Walkington. Os Sete Brados do Salvador na Cruz. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva. 1ª Ed. São Paulo: Arte Editorial, 2009.

POIRIER, Alfred. O Pastor Pacificador. Um Guia Bíblico para a Solução de Conflitos na Igreja. Trad. Marisa K.A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova, 2011.

CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. TOMO II – Livros III e IV. Trad. Elaine C. Sartorelli e Omayr J. de Moraes Jr. São Paulo: Unesp, 2009.

AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. Confissões. Trad. J. Oliveira e Ambrósio de Pina. 26. Ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Parte II. Livro XI O homem e o tempo.

*Obviamente que pretendemos considerar aqui o Perdão no seu aspecto Judicial (Justiça de Deus), no aspecto das penas capitais do pecado e da salvação eterna.

Por outro lado, não ignoremos aqui o perdão, em seu outro aspecto, no seu aspecto restaurador (diante das fraquezas humanas), onde procuramos receber de volta, novamente à COMUNHÃO, um crente que pecou e que anda longe da comunhão com o seu Senhor. “...abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns...”. (Hebreus 10:25).

“Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia”.  (1 Coríntios 10.12)

Creia, que um pecado seu, num futuro não tão distante, pode leva-lo para longe da comunhão com os irmãos:

“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, TEMOS COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. (1 João 1:7).

A comunhão com os irmãos está diretamente condicionada a andar na Luz, e essa comunhão certamente será quebrada quando nos deixarmos enganar e engodar pelos nossos pecados.
 “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”.  (8)

O ter de volta a comunhão, e o estar de volta a comunhão, somente será possível, pelo arrependimento também destes pecados (perdão restaurador): “ Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.

A comunhão de uns com os outros, poderá ser restabelecida. Esse é o poderoso aspecto do perdão restaurador.

Se, contudo, alguém sair da comunhão e nunca mais voltar: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos”. (1 João 2.19).












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