A PEDRA DA VITÓRIA

I SAMUEL 7.1-12

Israel foi derrotado pelos filisteus em batalha que ceifou a vida de 4.000 (quatro mil) homens (4:1-2).

Humilhado, encontrou forças para enfrentar uma nova guerra, desta vez levando junto a arca, mas os resultados foram ainda piores: nova derrota com morte de 30.000 (Trinta Mil) homens e a tomada da arca (4:3-11).

Neste período de usurpação da arca, os filisteus foram duramente castigados por Deus com enfermidades (5:6) e morte, o que os levou à conclusão de que era melhor devolvê-la (5:7-12),  o que de fato aconteceu depois de sete meses na sua guarda (6:1).

Nosso texto começa falando da chegada da arca na casa de Abinadabe, em Quiriate-Jearim, onde ficou sob a responsabilidade de Eleazar (v. 1). Após duas décadas Israel enfrentou novamente os filisteus experimentando uma grande vitória! Para celebrá-la Samuel ergueu uma pedra entre Mispa e Sem, chamou-a de:

Ebenézer e declarou solenemente: “até aqui nos ajudou o Senhor”! (v. 12). 

No mesmo lugar onde aconteceu a derrota (4:1) agora houve uma extraordinária vitória! 

Como podemos experimentar vitória onde no passado experimentamos derrota? Deus nos responde através do episódio  A PEDRA DA VITÓRIA.....

I – VITÓRIA POR MEIO DE UMA ALIANÇA COM O SENHOR (v. 2-4)

1. Aliança  proporcionadora da presença  abençoadora de Deus  (v. 1; II Sm 6:11 “Ficou a arca do Senhor em casa de Obede-Edom, o geteu, três meses; e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa”)

A arca era a parte mais importante do tabernáculo e continha as duas tábuas da lei, a vara de Arão e o vaso do Maná. Representava a presença de Deus no meio do Seu povo: digno de adoração (Ex 25:16), justo ( Ex 25:16) e misericordioso (Ex 25:17, 21). Ter a arca era ter Deus e ter Deus era ter a bênção. O endereço da vitória é o endereço de Deus, onde Ele está a vitória é real!

2. Aliança que implica em buscar a Deus  (v. 2 “... e toda a casa de Israel dirigia lamentações ao Senhor”)

Samuel era líder espiritual em Israel e suas palavras do v. 3, contrastadas com o final do v. 2,  deixam a entender que, apesar de Deus estar presente, Sua  busca só se tornara real no final dos vinte anos de retorno da arca. Não basta saber teoricamente, academicamente e teológicamente  que Deus está presente entre nós, é necessário buscá-LO! (Is 55:6). Não há vitória sem busca de Deus!

3. Aliança que implicava em assumir custos (v. 3 “Se é de todo o vosso coração que voltais ao Senhor”)

Samuel, com autoridade, lembrou ao povo que uma busca sincera de Deus exigia um assumir responsável de todas as demandas da aliança com Deus, pois a vitória tem um preço a ser pago.....

a) Tirar os deuses estranhos (v. 3 “... tirai dentre vós os deuses estranhos e astarotes...”)

Israel estendia um braço ao Senhor e outro a Baal (deus supremo dos filisteus), bem como a Astarote (deusa da fertilidade e do amor profano) e esta postura precisava ser eliminada.  A vitória passa pela quebra de aliança com pessoas, hábitos e estruturas que ocupam o lugar de Deus nas nossas vidas....

b) Preparar o coração ao Senhor (v. 3 “... e preparai o coração ao Senhor...”)

“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23) – o distanciamento que Israel teve de Deus começou no coração. Por isso, a renovação da aliança com Ele passava por um realinhamento do coração. A vitória e a derrota nasce na esfera do coração, por isso  precisamos “preparar o coração para o Senhor”!

c) Servir apenas ao Senhor (v. 3 “... e serví a Ele só....”)

Israel, povo escolhido do Senhor, distraiu-se com serviços alheios a ELE, por isso experimentou um caminho de derrota. Samuel relembrou  aquilo que na verdade o povo sabia mas se esquecera: jamais haverá vitória real sem uma dedicação exclusiva ao Senhor. A vitória é sempre um caminho único de compromisso completo e radical com Deus!

4. O resultado desta busca seria  a vitória libertadora do Senhor (v. 3b-4 “... e Ele vos livrará das mãos dos filisteus”....)

A vitória não é feita de discursos e promessas vazias, mas de uma postura determinada, permanente, corajosa de alinhamento diferenciado com Deus. Israel, naquele momento, relembrou os custos da aliança e os assumiu imediatamente. A promessa da vitória libertadora é e será sempre real na vida daqueles que se tornam escravos do Senhor!

II – VITÓRIA POR MEIO DE UM  QUEBRANTAMENTO  NO  SENHOR  (v. 5-6)

1. Quebrantamento pela comunhão horizontal e vertical  (v. 5 “Congregai todo o Israel em Mispa, e orarei por vós ao Senhor”)

Samuel, sabiamente, discerne  que a vitória  passaria por um quebrantamento – “sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado, coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17). E o quebrantamento viria pela via da comunhão  horizontal (relacionamento do povo entre si) e comunhão vertical (relacionamento do povo com Deus via Samuel). A vitória exige uma priorização da comunhão: não seremos vitoriosos sozinhos (sem os irmãos e sem Deus)

2. Quebrantamento pelo arrependimento  e jejum (v. 6 “Congregaram-se em Mispa, tiraram água e a derramaram perante o Senhor.... e jejuaram naquele dia...”)

“Tirar água e derramar perante o Senhor” era uma simbologia de uma volta para o Senhor em completa entrega ( I Sm 1:15 “... venho derramando minha alma perante o Senhor...”;  Lm 2:19 - “Levanta-te, clama de noite no princípio das vigílias, derrama, como água, o coração perante o Senhor...”). O jejum simbolizava  a disposição de resistir ao máximo contra as inclinações da carne  que viriam a ser obstáculo a esta entrega completa. A vitória é sempre um caminho de aprofundamento das nossas relações com Deus.

3. Quebrantamento pela confissão e perdão (v. 6 “... e ali disseram: pecamos contra o Senhor. E Samuel julgou os filhos de Israel em Mispa”)

O pecado é uma doença que anula em nós a força espiritual necessária para o enfrentamento das batalhas da vida (Sl 32:2-4). O melhor remédio contra ele é o reconhecimento, sem qualquer justificativa ou desculpa, de que, apesar de nossas boas intenções, somos rebeldes diante o Senhor. Na sequência, o segundo remédio, é a declaração do juiz de que por Sua misericórdia estamos perdoados: Sl 32:5 - “confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado”. O caminho da vitória é sempre o caminho de enfrentamento  positivo do pecado...

III – VITÓRIA PELO PODER DO SENHOR (v. 7-12)

1. Poder manifesto em fragilidade (v. 7 “.... subiram os príncipes dos filisteus contra Israel, o que ouvindo os filhos de Israel, tiveram medo...”)

A proximidade no presente do inimigo que os derrotara no passado, provocou no coração dos israelitas um grande medo. Esta consciência de fragilidade, mal administrada, pode nos levar ao caminho da derrota, mas bem administrada, pode nos levar ao caminho da vitória. O medo comunica duas verdades: não temos força para vencer o inimigo, mas existe Alguém que pode derrota-lo... O caminho da vitória é o caminho de enfrentamento das limitações das emoções negativas.....

2. Poder manifesto em oração perseverante (v. 8-9 “... não cesses de clamar... clamou Samuel ao Senhor por Israel....”)

O que define a vitória não é a força do inimigo mas a força da oração. O povo, quebrantado, já discernira onde se definem os destinos das nações, por isso insistiu com Samuel para que não parasse de clamar ao Senhor, o único que tinha autoridade plena sobre todos os exércitos, todos os generais e todos os reis. O caminho da vitória é o caminho da oração constante.....

3. Poder manifesto incontestavelmente (v. 9b-11  “ e o Senhor respondeu... trovejou o Senhor aquele dia com grande estampido sobre os filisteus e os aterrou de tal modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel....”)

Depois de reafirmar uma aliança exclusiva com o Senhor e quebrantar-se na presença do Senhor, Israel estava pronto para ver o grande milagre de Deus:  ELE “trovejou” com um estampido tão intenso que os filisteus ficaram completamente aterrorizados, sem qualquer capacidade de ação e reação, tornando-se presa fácil para uma vitória plena, completa, inigualável, extraordinária e memorável de Israel sobre eles. Cumpriu-se, uma vez mais, o que Ana já proclamara no início deste primeiro livro de Samuel:

“o Senhor guarda os pés dos seus santos, porém os perversos emudecem nas trevas da morte, porque o homem não prevalece pela força. Os que contendem com o Senhor são quebrantados, dos céus trovejam eles. O Senhor julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido” (I Sm 2:9-10).

O caminho da vitória é o caminho da experimentação gratuita, pela fé, do grande poder de Deus! “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (II Cro 20:15)

CONCLUSÃO

Samuel, didaticamente, para que aquela geração e todas as seguintes conhecessem este extraordinário caminho de vitória,  providenciou a colocação de uma pedra batizada com o nome de “Ebenézer” que significa “pedra de socorro”. Depois, profundamente tocado, afirmou: “até aqui nos ajudou o Senhor”. Como ele, também proclamamos: “Ebenézer, até aqui nos ajudou o Senhor”, entendendo que Seu socorro cobre toda a nossa caminhada de vida.......

1. Socorro no passado – nos ajudou o Senhor!

2. Socorro no presente – nos ajuda o Senhor!

3. Socorro no futuro – nos ajudará o Senhor!

Que Deus, por Seu Espírito, no poder ressurreto de Jesus, nos leve a experimentar sempre este caminho de vitória, é a minha oração!

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