BRADOS DO SALVADOR NA CRUZ.

50 E Jesus, clamando outra vez COM GRANDE VOZ, rendeu o espírito.

51 E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;


52 E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;
53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.


54 E o centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto, e as coisas que haviam sucedido, tiveram grande temor, e disseram: VERDADEIRAMENTE ESTE ERA O FILHO DE DEUS.   (Mateus 27.50-54).

Continuamos nosso Sermão de hoje, utilizando como base de nossa argumentação o livro: Os Sete Brados do Salvador na Cruz. A. W. Pink.


Na introdução deste livro, seu ator Arthur W. Pink afirma o seguinte:

Vejo nesta introdução dicas importantes sobre como devemos nos aproximar de texto sagrados, como por exemplo, a vida e a morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos ESTUDÁ-LO sim, mas, em oração.

Muitos se aproximam de textos como a vida e a morte de Jesus, de maneira puramente acadêmica e intelectual. Acabam por não se deixar penetrar pelas verdades espirituais neles contidos.

Numa nítida crítica a comportamentos como esse, Gregório, O Grande, fala sobre A INCONGRUÊNCIA que ele percebe ENTRE TEOLOGIA E ÉTICA.

“Existem alguns que investigam preceitos espirituais com perspicaz diligência, mas na vida que eles vivem pisoteiam aquilo em que penetraram por meio do seu entendimento. Apressam-se em ensinar o que aprenderam, não pela prática, mas pelo estudo, e desvirtuam em sua conduta o que ensinam pelas palavras” *

* Gregório, O Grande. Pastoral Care, trad. Henry Davis. In: Ancient Christian Writers, v. 11, ed. Johannes Quasten & Joseph C. Plumpe, New York e Ramsey: Newman, 1978, p. 23-4.

O Papa Gregório I (em latim: Gregorius I), ficou conhecido como Gregório Magno ou Gregório, o Grande. Foi papa entre 3 de setembro de 590 até sua morte, em 12 de março de 604.

Como interessados em conhecer mais sobre a vida e morte de Jesus, devemos através do nosso estudo, buscar construir um conhecimento que cada vez nos aproxime de Deus e nos coloque diante de sua verdade. E sabemos que Jesus Cristo é, o caminho, a verdade e a vida.

BLAISE PASCAL, Filósofo e Matemático francês (1623-1662). Disse o seguinte sobre o conhecimento:

Blaise Pascal, Pensées, trans. A. J. Krailsheimer (London: Penguin Books, 1995), 57.

Ao estudarmos a vida de Jesus, procuremos por significados e sentidos que possam mudar a história de nossas vidas.

Vejam por exemplo os brados de Jesus na Cruz. Quão significativos são os “brados” do Salvador na Cruz. Quanto sentido há em seus “brados” que foram sempre erguidos COM GRANDE voz. (Mt. 27.50)

Os Brados do Salvador evidenciam que:

Primeiro:  A MORTE DE CRISTO FOI NATURAL.

A morte de Cristo foi uma morte real.

“A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela”.  (Atos 2.23-24).

O Sangue que foi derramado sobre o madeiro maldito era divino.

“E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente ATÉ À MORTE, E MORTE DE CRUZ!”. (Filipenses 2.8).

Jesus “provou” a própria morte, e a desafiou quando nos braços de seu Pai entregou o seu Espírito.

“Jesus BRADOU EM ALTA VOZ: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". Tendo dito isso, expirou”. (Lucas 23.46).

Não se pode ter dúvidas de que Cristo realmente morreu naquela Cruz.

“Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. (1 Coríntios 15.3-4).

Segundo: A MORTE DE CRISTO FOI NÃO-NATURAL.

Ela foi anormal.

Ao encarnar, o Filho de Deus tornou-se capaz de sofrer a morte, todavia, não deve ser inferido daí QUE A MORTE TINHA, PORTANTO, UM DIREITO A RECLAMAR SOBRE ELE; LONGE DISSO.

“Porque o salário do pecado é a morte...” (Romanos 6.23).

A grande questão é que Cristo não tinha pecado nenhum.

O Senhor Jesus entrou neste mundo sem contrair a contaminação da natureza humana caída.

 Diferente do homem concebido no pecado:

“Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. (Salmos 51:5).

O filho de Deus é gerado Santo:

“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também O SANTO, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus”. (Lucas 1.35).

E durante sua jornada aqui não cometeu pecado.

“O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano”. (1 Pedro 2:22).

“Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado”. (1 Pedro 1:19).

A justificativa de sua morte é somente uma: Ele morreu para tirar os nossos pecados.

“E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado”. (1 João 3:5).

Sendo assim, a morte não tinha o direito de reclamar nada sobre Ele.  É por causa disso que reconhecemos que ao morrer um Santo de Deus isso não é e não por ser considerado nada natural.

Terceiro: A MORTE DE CRISTO FOI PRETERNATURAL*.

(*Que ultrapassa o natural; que não é atribuído à natureza)

A sua morte foi marcada e determinada para Ele de antemão. Sabemos e é verdade que Ele era o Cordeiro que foi morto antes da fundação mundo.

“E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro QUE FOI MORTO DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO”. (Apocalipse 13.8).

Antes de o pecado entrar no mundo a Salvação havia sido planejada. Foi ordenado que haveria um Salvador.  Um justo seria entregue pelos injustos.

“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito”.  (1 Pedro 3.18).

O caráter preternatural da morte de Cristo leva o bom termo de o “sustentáculo da cruz”.

Foi desta forma que Deus decidiu demonstrar a sua justiça “pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus”. (Romanos 3:25)

Não fosse a morte de Cristo Preternatural, ou seja, planejada por Deus antes da fundação do mundo, toda a pessoa pecadora nos tempos antigos, do Antigo Testamento, teria sido lançada no abismo no momento do seu pecado.

Nosso Salvador, Jesus Cristo, é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. (Hebreus 13.8).

“Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos”. (Mateus 22.32)

Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos. (Lucas 20.38).


Quarto: A MORTE DE CRISTO FOI SOBRENATURAL.

A morte de Cristo foi diferente de qualquer outra morte. Em todas as coisas Cristo tem preeminência.

“E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência”. (Colossenses 1:18).

Seu nascimento foi diferente de todos os outros.

Sua vida foi diferente de todas as outras.

Sua morte foi diferente de todas as mortes.

“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, MAS EU DE MIM MESMO A DOU; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai”.  (João 10.17-18).

O nosso Senhor DEU a sua vida. Ele nunca esteve impotente nas mãos de inimigo algum. Ele se entregou a si mesmo por nós.


CRISTO NÃO FOI CONQUISTADO PELA MORTE, ELE CONQUISTOU A MORTE.

ELE NÃO FOI SEQUESTRADO PELA MORTE.

A saber:  ELE SE ENTREGOU.

“4 Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, ADIANTOU-SE, e disse-lhes: A quem buscais?

 5 Responderam-lhe: A Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, estava com eles.

 6 Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.

 7 Tornou-lhes, pois, a perguntar: A quem buscais? E eles disseram: A Jesus Nazareno.

 8 Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu; se, pois, me buscais a mim, deixai ir estes;

9 Para que se cumprisse a palavra que tinha dito: Dos que me deste nenhum deles perdi. (João 18.4-9).

JESUS ABRAÇOU SUA MORTE AO ACEITAR TOMAR O SEU CÁLICE.

“Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu?”.  (João 18.11).

O SALVADOR ‘BRADOU’ EM ALTA VOZ, CADA UMA DE SUAS CONQUISTAS.

“E perto da hora nona EXCLAMOU JESUS EM ALTA VOZ, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.  (Mateus 27.46).

Esta foi sua 4ª palavra na Cruz, uma Palavra de Angústia.

Por que Jesus pronunciou esse clamor em ALTA VOZ? Não uma, mas duas vezes:

“E Jesus, CLAMANDO OUTRA VEZ COM GRANDE VOZ, rendeu o espírito. (Mateus 27.50).

O que indicam ESSES BRADOS TÃO ALTOS?

Elas evidenciam que o nosso Salvador, não está exausto, ou mesmo esgotado, que não possa assumir o que na Cruz veio conquistar. Ele ainda é o Senhor de si mesmo.


DEUS HAVIA ENTREGUE A MISSÃO DE REDIMIR A HUMANIDADE NAS MÃOS DE SEU FILHO PODEROSO.

“Então falaste em visão ao teu santo, e disseste: Pus o socorro sobre um que é poderoso; exaltei a um eleito do povo”. (Salmos 89.19).

JESUS FOI FIRME, e fortemente convicto foi capaz de CONQUISTAR cada território que o pecado e a morte nos roubaram.

Vejamos:

“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede”. (João 19.28).

Veja que evidência maravilhosa do autocontrole do Salvador. “PARA QUE A ESCRITURA SE CUMPRISSE”, Ele disse: Tenho sede.

Não que sede não tivesse! Mas com a intenção primeira de cumprir a Escritura.

Desde os tempos antigos tinha sido predito que eles lhe dariam vinagre misturado com fel.

“Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre”. (Salmos 69.21)

Veja que meticulosamente Cristo cumpre essa pequena faceta de sua trajetória: “PARA QUE A ESCRITURA”, especificamente essa, e não “as Escrituras” no plural, se cumprisse. Neste momento, de forma singular, vemos a conquista e cumprimento de suas profecias.

Essa é prova contundente de que Cristo gradualmente se entregou e de forma sobrenatural, conquistou cada uma de suas promessas, triunfou em cada uma de suas conquistas, até definitivamente vencer a morte.

“E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”. (João 19:30).

Está Consumado! A implicação aqui é clara. ATÉ ESTE MOMENTO A CABEÇA DO SALVADOR ESTAVA ERIGIDA. Não foi Jesus um impotente que estava ali desmaiado. Ele decidiu conquistar tudo, era agora o exato momento de destronar o pecado e a morte: Ele inclinou sua cabeça, e ENTREGOU o espírito.

Foi sua entrega total que fez com que o Centurião clamasse:

“VERDADEIRAMENTE, ESTE ERA O FILHO DE DEUS”. (MATEUS 27.54).

Essa é a grande e verdadeira história de Jesus Cristo, esses são os “brados” significativos do Salvador na Cruz.

“Prevendo isso, falou da ressurreição do Cristo, que não foi abandonado no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição”. (Atos 2.31).



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Resumido e adaptado do Livro: PINK, Arthur Walkington. OS SETE BRADOS DO SALVADOR NA CRUZ. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva. 1ª Ed. São Paulo: Arte Editorial, 2009. Págs 07-12. Originalmente publicado em inglês com o título: The Seven Sayings  of the Saviour on the Cross (1919).

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